em

World Wide Wrestling – NJPW Dominion 6.11 (11/06/17)

Olá pessoal! O World Wide Wrestling volta com a cobertura de mais um evento da New Japan Pro Wrestling (NJPW), o Dominion 6.11. Um evento simplesmente sensacional, um dos melhores do ano.

NJPW Dominion 6.11
Osaka-Jo Hall – Osaka, Japão
11,756 fãs

David Finlay, Shota Umino & Tomoyuki Oka venceram Hirai Kawato, Katsuya Kitamura & Tetsuhiro Yagi

Bom combate dos Young Lions. É impressionante ver como, com tão pouco tempo de experiência, esses wrestlers já são tão bons. Ao menos no que diz respeito aos fundamentos básicos do wrestling. Isto provavelmente deve-se ao fato de, desde o início de suas carreiras, eles poderem trabalhar com wrestlers de carreiras longas e de sucesso. Além disso, não se pode ignorar o fato de que eles são poucos no Dojo da NJPW. Isto tambem permite que eles tenham um treinamento bastante direcionado.

Isso é algo no qual eu penso que a WWE peca na hora de desenvolver seus talentos, pois coloca muita gente junta no seu Performance Center. Isto resulta num trabalho menos focado do que poderia ser. É óbvio que cada companhia tem seus objetivos, mas, assistindo as performances destes jovens, alguns com semanas de experiência, no caso do Shota Umino, fica evidente que o método de trabalho utilizado pela NJPW faz com que os wrestlers tenham uma base muito boa desde cedo, antes de terem a oportunidade de se desenvolver ainda mais em outros aspectos.

David Finlay, que venceu a luta, já é um graduado do Dojo que talvez deva partir para uma excursão fora da NJPW para conhecer novos ares e se renovar um pouco. No momento, ele está numa posição um pouco estranha, na qual ele já está um pouco acima do nível dos Young Lions, mas a NJPW não deve dar um push a ele tão cedo. Jay White, que está na ROH agora e que foi companheiro de Finlay no Dojo, é um excelente exemplo que ele pode seguir.

Tiger Mask, Tiger Mask W, Togi Makabe & Yuji Nagata venceram Hiroyoshi Tenzan, Jushin Thunder Liger, Manabu Nakanishi & Satoshi Kojima

Bom combate também, mas sem nada de muito especial. Makabe venceu com o knee drop. Ficou claro que Liger continua sendo um dos wrestlers mais queridos do público. Tiger Mask W se destacou um pouco mais no combate, mas eu sinto que ele não tem um rumo definido. Possivelmente isso mudará nos próximos meses.

Los Ingobernables de Japón (c) venceram Bullet Club, CHAOS, Suzuki-gun & Taguchi Japan para manter o NEVER Openweight Six-Man Championship

Esse foi o combate dos stables da NJPW pelo título mais batata quente que você respeita. Sinceramente até fiquei surpreso pelos títulos terem continuado com LIJ, mas o combate em si não foi lá grande coisa. Tinha muita gente boa nos times, mas infelizmente o tempo era curto. Então todos tiveram que tentar aproveitar da melhor maneira possível. BUSHI venceu o combate e manteve os títulos para LIJ depois de um MX (jumping codebreaker) em Taguchi.

The Young Bucks (Matt Jackson & Nick Jackson) venceram Roppongi Vice (Rocky Romero & Baretta) (c) para vencer o IWGP Junior Heavyweight Tag Team Championship

Um combate muitíssimo bom premiou os Young Bucks com seu sexto (!) NJPW Jr. Tag Team Championship. Essa foi uma revanche do combate no Tokyo Dome, em janeiro, no qual RPG Vice ganhou os títulos dos Bucks. Inclusive, muito do que aconteceu na luta remeteu à esta luta de janeiro. A história da luta foi exatamente o contrário do que aconteceu no combate do WK11, onde Baretta, depois de um dive errado fez com que Rocky Romero ficasse à mercê dos Bucks. Neste combate, logo no começo, Matt acertou Rocky com um powerbomb no apron. Logo depois, atacou as costas dele mais algumas vezes. Isto fez com que ele ficasse fora do ringue por boa parte do combate, deixando seu companheiro Baretta à mercê dos Bucks.

Baretta resistiu à pressão e até conseguiu que seu companheiro se recuperasse, mas o dano já estava feito. Os Bucks foram bastante eficazes e consistentes nos seus ataques à Rocky, que acabou sucumbindo a um sharpshooter. Uma luta não-usual dos Bucks, que não usaram tantos moves espetaculares e superkicks, mas se utilizaram de uma estratégia consistente e eficaz.

Guerrillas of Destiny (Tama Tonga & Tanga Roa) venceram War Machine (Hanson & Rowe) (c) para vencer o IWGP Heavyweight Tag Team Championship

A boa noite do Bullet Club continuou com a vitória dos filhos de Haku sobre Hanson e Rowe. Isto garantiu a GOD seu terceiro IWGP Tag Team Championship. Esta foi uma luta muito boa também, que infelizmente ficou um pouco perdida num card tão brilhante quanto este. De qualquer forma, é inegável a evolução dos irmãos, principalmente Tanga Roa. Foi uma luta bem dinâmica. Ambos os times dominaram a luta em diferentes momentos. Também é inegável como Hanson faz umas coisas ridículas pro seu tamanho.

O final da luta, com GOD tendo que trapacear para vencer a luta, me diz que provavelmente este feud irá se estender. A divisão de tags da NJPW está bem escassa. Eu ainda não consigo entender porque tem tantos caras e times bons na divisão de trios, enquanto na divisão de heavyweight tags, o título fica girando entre os mesmos times. Sanada e Evil, Ishii e Yano/Yoshi-Hashi, mesmo Juice e Ricochet, poderiam ser times que seriam adições muito bem-vindas à divisão.

Cody venceu Michael Elgin

Outra vitória de Bullet Club, dessa vez com o American Nightmare. Ele teve um bom desempenho, mas que na minha opinião, está beeem longe do nível de desafiante pelo IWGP Championship, que é o que ele será em julho, no G1 Special in USA. Até o momento ele só teve lutas contra outros gaijins (wrestlers não-japoneses) na NJPW. Apesar de esta ter sido uma performance muito melhor do que a que ele teve contra Juice Robinson em janeiro no Tokyo Dome, ainda assim foi bem pouco inspirada. O combate em si teve alguns momentos legais, a maioria deles graças a Elgin, que é sensacional. Cody venceu com o CrossRhodes e depois desafiou Okada e Daniels.

KUSHIDA venceu Hiromu Takahashi (c) para vencer o IWGP Junior Heavyweight Championship

Luta fantástica. Esta vitória deu a KUSHIDA seu quinto reinado como IWGP Jr. Heavyweight Champion. Além de ter sido um combate de nível altíssimo, não dá pra não deixar de ressaltar como a história entre esses dois ajudou a torná-la ainda melhor. Pra quem não se lembra, KUSHIDA perdeu o título para Hiromu em janeiro no Tokyo Dome. Perdeu também a revanche em abril, no Sakura Genesis, em menos de 2 minutos. KUSHIDA então começou muito mal no torneio Best of The Super Juniors, e teve que sair de baixo para se recuperar e chegar a final contra Will Ospreay, contra quem teve uma 5-Star Match, que rendeu a ele o título de Best of The Super Juniors e mais esta oportunidade contra Hiromu.

O combate em si começou num ritmo incrível, que é como tem sido com estes dois. A história do combate é que KUSHIDA teve que sair da sua zona de conforto em vários momentos. Ele tinha que trazer algo que ele ainda não tinha trazido nos seus combates contra Hiromu. Então além de atacar o braço esquerdo de Hiromu, que é a sua estratégia básica para encaixar o Hoverboard Lock (Kimura Lock), ele atacou Hiromu constantemente fora do ringue, além de recorrer a seu novo finisher, Back to the Future (Small Package Driver), e vários socos e cotoveladas, que até lhe renderam algumas vaias do público em Osaka.

Mesmo assim, no final foi o suficiente para conseguir fazer com que Hiromu desistisse após sofrer por vários minutos em um Hoverboard Lock. Também não posso deixar de prestigiar a performance de Hiromu. Ele sempre é espetacular, tem um carisma incrível e já deixou uma marca irretocável na NJPW nos últimos 6 meses. Depois do combate, BUSHI veio ao ringue e cuspiu seu green mist no rosto de KUSHIDA, desafiando-o pelo título.

Minoru Suzuki (c) venceu Hirooki Goto numa Lumberjack Deathmatch para manter o NEVER Openweight Championship

Essa foi uma luta boa, principalmente porque foi bem diferente do que costuma-se ver nos show da NJPW. Eu particularmente não sou muito fã das lutas da Suzuki-Gun (apesar de curtir demais a stable – menos o Taichi – e achar que Minoru Suzuki é uma lenda viva). Acho que tem interferência demais nas suas lutas. Demais a ponto de às vezes deixar irritantes os combates nos quais eles estão envolvidos. De toda forma, a luta ficou muito pouco no ringue, e tanto Suzuki-Gun quando CHAOS, a stable de Goto, interferiram muito na luta, o que era permitido pela estipulação.

Em outro momento da luta, Minoru provocou Jushin Liger, que estava como comentarista. Ele não se acanhou e pegou uma cadeira para acertar Suzuki. Isso incendiou a torcida, maluca por Liger. E um momento que parecia despretensioso pode vir a se tornar uma feud interessante no futuro.

Foi uma luta relativamente emocionante. O momento da virada foi quando Taichi, que não era um dos lumberjacks de Suzuki, apareceu do nada. Ele veio com uma cadeira e arregaçou a cabeça de Goto. Isto permitiu que Suzuki acertasse um jumping Gotch-style piledriver para a vitória. Depois da luta, YOSHI-HASHI, que ficou muito em evidência durante o combate e estava sendo amado pela torcida, continuou brigando com a Suzuki-Gun, até que Suzuki lançou o desafio para uma luta pelo NEVER Openweight Title, que irá ocorrer em 26 de junho, em Tokyo.

Hiroshi Tanahashi (c) venceu Tetsuya Naito para ganhar o IWGP Intercontinental Championship

Essa foi outra revanche do WK11, na qual Naito venceu Tanahashi para manter o IWGP IC Title. Se aquela luta foi sensacional, eu acredito que esta ainda foi melhor. Isto por causa de toda a história entre ambos os combates. Naito é o jovem confiante que acha que é bom demais pra lutar com o “Ás” da NJPW. Já Tanahashi, é a lenda viva que quer provar que ainda é tão bom quanto sempre foi e vai tentar provar isso a qualquer custo. A história desta luta, em particular, foi que Tanahashi tinha um rompimento parcial no bíceps do braço direito, ocorrido em maio durante o tour da NJPW na ROH, realizado em maio.

Por conta desta contusão, Tanahashi não perdeu tempo para atacar Naito durante a sua entrada. O problema é que Naito conseguiu se recuperar logo. Ele imediatamente passou a atacar o braço direito de Tanahashi. Até aí, business as usual, mas o pulo do gato é que Naito estava com um de seus joelhos enfaixado. Tanahashi viu isso e não tardou a atacá-lo com vários Dragon Screw leg whips, dentro e fora do ringue. Então a luta tornou-se muito parecida com a do Tokyo Dome. Nela ocorreu algo muito parecido, com Naito atacando o braço de Tanahashi, enquanto Tana atacou a perna de Naito.

Isto deixou a luta mais parelha, até que Tanahashi conseguiu escapar do finisher de Naito, Destino, acertou um Dragon Suplex, depois um High Fly Flow (Frog Splash), e encaixou o Texas Cloverleaf no joelho contundido de Naito. Ele tentou resistir por vários minutos, mas Tanahashi segurou ele firme no centro do ringue e após quase dobrar Naito ao meio, o campeão não teve opção a não ser desistir. Mais uma vez, luta fantástica, e certamente seria a melhor luta em qualquer card no mundo. A derrota de Naito abre muitas opções, até porque agora ele é um dos concorrentes pelo novo IWGP United States Championship, enquanto Tanahashi vai defender seu título contra Billy Gunn em Long Beach. Além disso, o torneio G1 Climax já está no horizonte, e muito pode acontecer.

Kazuchika Okada (c) empatou com Kenny Omega após 60 minutos de luta para manter o IWGP Heavyweight Championship

E chegamos ao esperado main event, a maior de todas as revanches do WK11, a única six-star match da história. Para quem não sabe, esta luta conseguiu superar a luta de janeiro na avaliação de Dave Meltzer (******1/4). Isto não faz diferença nenhuma e cada um tem a sua opinião própria, mas eu, particularmente, concordo. A primeira luta foi um espetáculo atlético e de habilidade, como nunca antes visto. Já a revanche, além de também ter tudo isso, também teve um elemento dramático ainda mais forte. Boa parte da porção inicial da luta consistiu em Kenny atacando o joelho esquerdo de Okada, que começou a senti-lo depois de um mergulho para fora do ringue.

Okada, no entanto, se recuperou e foi buscar uma mesa, tentando repetir um dos grandes momentos da primeira luta, no qual Omega levou um back body drop de dentro para fora do ringue sobre uma mesa. Omega conseguiu evitar isso, mas pouco tempo depois levou um rainmaker, que por pouco não lhe fez perder a luta. Quem viu as promos de Omega antes da luta, já sabia que ele mencionou ter ganhado sete quilos só de músculos que garantiriam que ele sobreviveria a até quatro rainmakers.

Pois bem, Okada não hesitou em colocar Omega sobre a mesa e acertar um elbow drop da top rope para fora do ringue, e a mesa não quebrou, o que deve ter sido ainda pior. De volta ao ringue, um Kenny Omega quase morto ainda levou mais dois rainmakers e já parecia estar muito perto da derrota, até que Cody Rhodes apareceu e por muito pouco não jogou a toalha por Kenny. Os Young Bucks não permitiram, e todo o resto do grupo veio até o ringue para apoiar seu líder. Esse momento de distração foi o suficiente para que Kenny pudesse ganhar uma sobrevida e FINALMENTE acertar o One Winged Angel, que somente não garantiu a vitória pois Okada colocou seu pé nas cordas literalmente no último centésimo de segundo. Incrível. Ninguém na arena conseguia acreditar, e do nada, já haviam se passado 50 minutos de luta.

Omega fez o taunt de atirar, antes de tentar mandar o V-Trigger, mas Okada agarrou seu pulso e acertou o quarto rainmaker da luta. Eles trocaram mais alguns golpes e near-falls, até que Okada acertou um tombstone e foi para o rainmaker derradeiro, mas antes que pudesse acertar, Omega simplesmente desabou no ringue. Okada então foi pra mais um tombstone, e isso deu início aos últimos 5 minutos de luta, que consistiram numa sequência incrível de golpes e contra-golpes, que, aliados ao drama do ring announcer berrando no microfone quanto tempo de luta faltava, e a torcida ficando desesperada, culminaram nos melhores minutos de pro-wrestling em 2017 até então.

Nos últimos instantes, Okada acertou o terceiro dropkick da luta e o quinto rainmaker, mas já estava sem forças para fazer a cobertura. Assim, o relógio chegou em 60 minutos de combate, resultando num empate. Assim que o tempo esgotou, a torcida, que estava arrancando os cabelos há quase 30 minutos, ficou em silêncio por alguns segundos, e depois começou a aplaudir.

Foi um momento incrível para fechar um espetáculo impressionante. Estes dois são, sem dúvida alguma, os melhores wrestlers do mundo atualmente. Okada, na minha opinião, é o melhor, por conta da sequência que vem tendo nos últimos 6 meses. Ele vem carregando a NJPW numa importante fase de sua história. Kenny Omega, obviamente, é um gênio do wrestling e tem o mundo aos seus pés. Os próximos meses são importantíssimos para determinar o que deve ocorrer na sua carreira no ano que vem.

Este combate é uma obra de arte e deve ser visto por todos. Além disso, o que ocorreu na luta e o seu resultado deixa ainda mais indefinido o futuro do IWGP Championship. Agora Okada irá defendê-lo contra Cody em Long Beach. Isto é, o mesmo Cody que quase jogou a toalha para Kenny e que vai pegar um Okada extremamente cansado depois dessa title match. Isto torna o cenário bastante intrigante. Enquanto isso, Omega está no torneio pelo US Championship. Como eu disse antes, o G1 Climax está se aproximando, então esse combate deixou muitas portas abertas.

Avaliação final

Eu não posso recomendar este evento o suficiente. Nem todas as lutas são espetaculares nem imperdíveis, mas certamente não há nada que seja uma perda de tempo. Certamente Hiromu-KUSHIDA, Naito-Tanahashi e Okada-Omega estão entre as melhores lutas do ano e são mais do que suficientes para garantir a diversão. A NJPW é, sem sombra de dúvidas, a melhor companhia de pro-wrestling do mundo atualmente. E está oficialmente entrando no caminho para o Wrestle Kingdom 12, um evento que promete demais. Então se você não achou um tempo para começar a acompanhar, faça um favor a si mesmo e comece! Não irá se arrepender, eu garanto.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Loading…