A New Japan Pro-Wrestling já existe desde 1972, sendo criação do lendário Antonio Inoki. A NJPW cresceu em ser a maior empresa de puroresu (pro-wrestling japonês) do Japão, ultrapassando a All Japan Pro-Wrestling, forte rival da promoção na altura.
Os tempos que a NJPW veio a passar em inícios e meios de 2000 foram tempos complicados chamados de “Inokiism”, que levou a NJPW perder sua completa identidade, misturando a arte de MMA com Pro-Wrestling, levando a grandes lutadores como Yuji Nagata a não terem tido seu momento de merecida glória devido a tal foco pela empresa. Seria após Antonio Inoki perder maioria de suas ações com a empresa, que a NJPW voltara a ganhar sua identidade, colocando como cara da empresa, o Ace, Hiroshi Tanahashi! Desde aí, a NJPW cresceu em ser uma forte influência no desporto japonês, tento aparições em outros eventos da cultura pop japonesa (como Tanahashi que foi personagem principal no filme “My Dad Is a Heel Wrestler!”, ou Tetsuya Naito fazendo aparições em jogos de basebol). A prova do aumento de popularidade ganhada pela NJPW seria refletida em ingressos para os eventos, que estavelmente subiram. Com a NJPW tendo um forte nome no Japão, algo mais ambicioso chegara… Isso sendo a promoção da NJPW fora do Japão.
A NJPW, no ano de 2018, veio a fazer vários eventos como lutadores da mesmo fizeram aparições em outras empresas. A NJPW e seus lutadores já passaram pelos EUA, Reino Unido e Austrália em 2018, se espalhando mais por esses territórios, chegando mesmo a abrir o seu próprio dojo oficial em Califórnia, tendo o lendário Katsuyori Shibata treinando os futuros Young Lions americanos! O ano de 2018 tem sido um ano de sucesso para a NJPW se espalhar globalmente… Mas, o que isso significa para o seu produto?
A maior empresa de puroresu japonesa demonstra decaídas na sua qualidade em 2018, tendo histórias que não integram dentro do costume da NJPW, e tendo, em si, um excesso de talento forasteiro (mais reconhecidos por gaijins). A prova disso é nada mais que o card para o “Wrestle Kingdom 13”, que irá acontecer dia 4 de janeiro ás 6 horas da manhã em horário de brasília. O mesmo card se mostra infestado com diversos talentos estrangeiros, e há quem considere ser esse o problema para a NJPW ter vindo a decair em 2018 na questão de sua qualidade. Será verdade?
Para sabermos se essa afirmação é verídica, devemos olhar para 3 fatores principais de como a NJPW está completando sua globalização, nomeadamente nos EUA. Após observámos esses fatores, teremos, assim, uma conclusão para tirar.
- Mudança nos cards
Em finais de 2017, muitos se questionaram relativamente ao combate pela IWGP Junior Heavyweight Championship, na “Wrestle Kingdom 12”, ser uma 4-Way entre Marty Scurll, KUSHIDA, Hiromu Takahashi e Will Ospreay. A NJPW não era reconhecida por fazer combates que não fossem um contra um. Isso criou uma certa mística no combate, interessando mesmo o resultado disso. O resultado, como esperado por muitos, foi um sucesso. O mesmo combate mostrou-se diferenciado por ter essa estipulação, e foi otimamente recebida!
Em 2018, no entanto, combates sem serem um contra um tornaram-se em algo mais regular na NJPW. Exemplo disso seria a 3-Way na “Domínio” desse ano pela NEVER Openweight Championship entre Taichi, Michael Elgin e, na altura campeão, Hirooki Goto. Depois seguimos com OUTRA 3-Way como combate principal no evento “King Of Pro-Wrestling” entre Kota Ibushi, Cody Rhodes e Kenny Omega pela IWGP Heavyweight Championship. E agora, com a “Wrestle Kingdom 13” chegando, temos duas 3-Ways, ambas sendo por ouro de Tag Team. É claro que a NJPW mudou em sua consistência de se focar no típico “1v1”, deixando haver uma variedade nessa questão.
Claro que, essa mesma mudança de tirar o foco do “1v1” é interessante, mas para o produto que a NJPW apresenta, desfocar do “1v1” somente contradiz o que está acima do logotipo da NJPW: “King Of Sports”. A NJPW atraiu muitos devido ao seu estilo desportivo, e esse mesmo estilo seria apresentado da mesma forma que não vemos um jogo de Flamengo contra Corinthians contra Palmeiras. Cada lutador tinha de se focar apenas no outro, não havendo tretas quais queres sobre não ter recebido o Pinhal final ou por aí fora. Era tudo uma questão de força e habilidade entre dois grandes lutadores. Desfocar isso, vem, por si mesmo, desfocar o propósito que a NJPW veio a construir desde seus inícios.
Mas, o que pôde ter feito a NJPW desfocar-se de forma tão direta e amarga da fórmula “1v1”? Porquê que a NJPW procura se afastar do seu tradicional estilo desportivo?
- Histórias
O que pode então justificar nisso tudo, em toda a mesma questão que os cards vêm a perder sua fórmula desportiva, encontra-se nas histórias que a NJPW pretende contar em 2018.
Em 2017 (e entre os outros anos antes), as histórias seriam todas contadas dentro desse padrão competitivo. O exemplo disso foi o combate principal da Wrestle Kingdom 12 entre Tetsuya Naito e Kazuchika Okada pela IWGP Heavyweight Championship, A história consistia entre ambos terem lutado na “Wrestle Kingdom 8”. Onde o combate entre eles que iria ser o combate principal de dito evento, deixou de o ser, após ambos (principalmente Naito) não terem o estrelato para protagonizarem tal evento. Chegaria então a “Wrestle Kingdom 12”, onde ambos finalmente tinham o estrelato, onde finalmente Naito voltaria a ter a oportunidade de lutar pelo título principal da NJPW no combate principal. A história de Naito contra Okada, embora não ser a melhor que a NJPW tem, é sem dúvidas um forte exemplo de como a empresa utilizava seu estilo desportivo para contar histórias. Tornando as histórias mais lentas, criando um forte laço com o espectador.
Em 2018, o ano começou normalmente, como todos os anos da NJPW tendem a começar… Seria, no entanto, após a “Dominion” desse ano, onde as histórias se tornaram mais voltadas para si mesmas do que para o padrão desportivo apresentado pela empresa. Kota Ibushi contra Kenny Omega, um combate que devia ter tido sua devida construção, foi desperdiçada no “G1 CLIMAX 28”, entregando um combate de pouca emoção comparado ao combate que ambos chegaram a ter na DDT (outra empresa de puroresu japonesa). O “G1 CLIMAX” desse ano também nos deu Harold Meij (o novo presidente da NJPW introduzido nesse mesmo ano) se comportando como um típico Vince McMahon, querendo expulsar os Tama Tonga, Tonga Roa e Bad Luck Fale fora do Budokan (arena onde aconteceria as finais do “G1”).
Penso que, o maior exemplo que demonstra o quanto a NJPW cuspiu e seguiu do seu formato desportivo, foi a 3-Way entre Cody, Ibushi e Kenny Omega. O mesmo combate iria ser Kota Ibushi contra Kenny Omega, sendo que Ibushi venceria Omega no G1 CLIMAX 28. Assim vencendo o IWGP Heavyweight Championship, Kenny Omega teria que defender seu título contra Kota Ibushi (forte tradição dos campeões que lutam no “G1”, onde, ao perder a outro lutador no torneio, devem defender seu título futuramente contra esse mesmo lutador). O que nós temos, é o atual IWGP US Heavyweight Champion, Cody Rhodes, se colocando no combate. Cody Rhodes JÁ TERIA LUTADO pela IWGP Heavyweight Championship contra Kenny Omega antes do próprio “G1 CLIMAX 28”, onde perdeu. Não rebaixando o fato de Cody JÁ SER CAMPEÃO NA NJPW. Cody quis, e assim se fez, um 3-Way aleatório para protegerem um combate que já nos teria sido dado em agosto. Esse mesmo exemplo é a melhor forma de ver a NJPW diretamente ignorando continuidade e ignorando o seu formato desportivo que lhe fez famosa em primeiro lugar. Mas, como apontado, esses problemas com histórias somente começaram após o Dominion de 2018… O quê que aconteceu no evento que pudesse ter mudado a NJPW de rumo?
- Novo campeão
Na Dominion de 2018, nós vimos, como combate principal, Kenny Omega a vencer Kazuchika Okada pela IWGP Heavyweight Championship em um tremendo “2 out of 3 falls” match! Onde ambos colocaram o máximo e resultaram em entregar, na opinião de jornalista Dave Meltzer, a melhor luta de sempre! Sendo premiada com 7 estrelas pela Wrestling Observer Newsletter!
Apesar do tremendo combate que teria sido, foi aqui que podemos apontar uma decaída na NJPW e suas histórias. Onde, devido a essa decaída em suas histórias, o card veio a mudar para algo mais voltado ao típico card vindo do Oeste. Mas, isso deve ser culpa da NJPW, não de Kenny Omega, certo? Errado.
Kenny Omega encontra-se dentro da “The Elite”, grupo formado pelos Young Bucks, Cody Rhodes, Hangman Page, Marty Scurll, Kota Ibushi e o próprio Kenny Omega. “The Elite” criam suas próprias histórias na sua série do YouTube, “Being The Elite”. A partir daí, os membros do grupo conseguem fugir a algo pertinente dentro da indústria, esse algo sendo o poder criativo. Com essa série, os mesmos conseguem fugir ao que as empresas procuram infligir em personagens deles, tornando as empresas em meros palcos para eles brilharem. Esse é um ótimo negócio para eles… Mas, somente para eles.
Com o foco no Being The Elite crescer cada vez mais com o futuro evento feito pelos membros da mesma, “All In”, a NJPW viu sua chance para se expandir no Oeste, procurando se associar cada vez mais ao grupo. O problema que a NJPW podia não esperar, é que perdessem o poder criativo ao se associar dito grupo. Com um membro do grupo se tornando o campeão principal, a NJPW se viu de mãos atadas, seguindo sempre o que o grupo fizesse. Levando com que talentos da NJPW como Hirooki Goto, Minoru Suzuki, Tomohiro Ishii, Zack Sabre Jr., Juice Robinson, Jay White e entre outros, ficassem somente na sombra do grupo. Seria essa a justificativa para Juice perder o título da IWGP US Heavyweight para Cody Rhodes. “The Elite” ataram as mãos ao controlo criativo da NJPW, semelhante ao que fizeram na ROH, onde a própria ROH se tornou praticamente em um vazio sem os Young Bucks ou Cody Rhodes dentro dela. Sendo que a própria ROH, tal como a NJPW está fazendo, deu prioridade a “The Elite” e não ás suas estrelas em ascensão.
O efeito de Kenny Omega vencer o título principal da NJPW, levou a um completo efeito borboleta dentro da empresa. O título é de Omega, Omega é da Elite, Elite tem controlo na NJPW, NJPW se dedica para o ocidental, o ocidental faz a NJPW mudar seu formato, seu formato leva a mudança de card, e essa mudança de card leva-nos ao Wrestle Kingdom 13. Com somente 2 combates não envolvendo gaijins.
Conclusão
Ao então observarmos esses 3 pontos, penso que podemos chegar a uma clara e distinta conclusão relativamente à globalização da New Japan Pro-Wrestling.
Como você pode perceber, ao longo dessa análise não critiquei a questão de gaijins estarem em maioria no card da Wrestle Kingdom 13. A questão de eu não me ter colocado nesse tipo de análise é minha mentalidade que não importa se é gaijin ou outra coisa qualquer. O que importa é perceber o estilo japonês de pro-wrestling, e ser bom nele. A crítica de que a NJPW está enfraquecida devido a gaijins é falaciosa, e deve ser evitada sequer pensar assim.
O que leva a NJPW ter um declínio na sua qualidade ao longo de 2018, e ter, em minha opinião própria, um declínio no card do Wrestle Kingdom 13 comparada a última edição (mais em questão de histórias), é que a mesma está querendo se globalizar de forma errada.
Poucos sabem, mas na Wrestle Kingdom 11, seria revelado o evento “G1 Special in USA”, mesmo antes do primeiro encontro entre Kenny Omega e Kazuchika Okada, encontro que levou a muitas pessoas começarem a assistir NJPW regularmente. Ou seja, a NJPW já estava crescendo fora das bordas japonesas somente por ser a NJPW. Por ter esse formato desportivo, por ter essas histórias longas e complexas contadas através do mesmo formato. A NJPW está querendo se tornar em algo que ninguém devia procurar ser: numa alternativa.
A NJPW precisa reconhecer suas raízes, e regressar a elas. Deixe o talento fluir igualmente, mas não perca o foco desportivo. Isso é um pedido de todos os fãs que vêm a acompanhar a NJPW um bom tempo, e que reconhecem a grandeza da mesma. Todos esses fãs da NJPW começaram a ver por causa de ela ser única, e não uma alternativa a WWE.
Todos nós queremos que o espírito da NJPW se globalize, não sua marca.
Otima coluna e estava pensando exatamente nisso esses dias, está perto de se tornar uma indy americana padrão, tomara que não aconteça.
Os argumentos apresentados foram bons, mas, foi difícil de ler esse texto. N sei se foi copiado e colado usando o google tradutor, mas tem q melhorar a escrita. N estou escrevendo isso pra ser babaca, só estou dando um conselho.
Eae Lucas! O texto é original mesmo, nada de google tradutor aqui. Entendo que tenha sido difícil ler esse texto, é algo que eu irei trabalhar melhor! Obrigado!
E tem a questão do Lucas ser português, então em alguns textos vai ter uma diferença hehe
Parabéns pelo artigo, muito bom.