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AEW é igual coração de mãe

Desde a primeira noticia de um (à época) provável retorno de CM Punk para a luta livre nos ringues da AEW, a empresa localizada em Jacksonville tem sido o centro das atenções do mundo do pro-wrestling, o que provavelmente era o objetivo da companha quando resolveu pagar um salário absurdo para um lutador que estava há 7 anos longe dos ringues, e deu certo, já que nunca se falou tanto de outra empresa de luta livre que não fosse a WWE desde a WCW no final da década de 90, e o dono da AEW quer que isso se mantenha, e está conseguindo.

No ultimo domingo aconteceu o All Out, um dos 4 grandes PPVs da empresa e que marcava o retorno de CM Punk aos ringues, que ainda mantinha toda a questão do sentimento de um retorno de lutador que ficou por 7 anos longe, mas que uma hora ia diminuir quando a gente começasse a tratar Punk como alguém que já não está tão longe de nós, fãs de luta livre. Tony Khan sabe disso e por mais que não tenha uma experiência tão grande em comandar uma empresa de luta livre, tem boas idéias para manter o momentum lá no alto.

Ao final do All Out então surgem as novas surpresas de Tony Khan para sustentação desse momentum: Adam Cole e Bryan Danielson. Lutadores com contratos recém finalizados com a WWE que estavam livres no mercado e que de alguma forma tinha um relacionamento histórico próximo de alguém que já estava na AEW, mas que não mudaram de ares apenas por isso, e sim por uma coisa chamada “cultura de backstage”.

Nesse fim de semana a ESPN divulgou uma matéria falando sobre os backstages da contratação de Punk pela AEW e você confere os principais pontos dela clicando aqui. Em uma parte CM Punk fala sobre algo que o desmotiva no pro-wrestling, segue:

“Para mim, honestamente, não tem que ter essa parada de “os caras” (termo utilizado no wrestling para se referir aos lutadores), se existe isso “dos caras”, tem de haver uma união. E muitas das vezes você vê as pessoas recebendo um tratamento injusto em um lugar cheio de pessoas que vão estar pedindo ajuda. E eu era uma dessas pessoas.

Os negócios sempre vão ser os negócios. Eles foram criados dessa forma. Eu sempre disse para os lutadores, você tem que se proteger. Você não pode esperar que outras pessoas venham até você te ajudar. Eu descobri isso pelo pior jeito possivel. Ainda tem várias pessoas que isso ainda acontece. Você pode ser leal a uma empresa que não urina nas suas cinzas se você é queimado vivo ou você pode apenas garantir que no final do dia você estará feliz e saudável.

Correlacionando essa fala de Punk à promo de retorno dele onde ele via um backstage cheio de novos talentos com espaço para crescer e em entrevistas com jornalistas posteriormente a ideia de que a AEW é criada com uma “cultura de backstage” muito mais acolhedora aos talentos, sem as amarras de uma empresa comandada por uma mesma família há mais de 50 anos com seus vícios e preferências. O ambiente de trabalho é extretamente importante para que o empregado esteja satisfeito com o que faz e para que os egos sejam administrados.

O Hall of Famer da WWE Mick Foley postou uma mensagem recentemente em suas redes sociais onde ele falou sobre isso, sobre como a WWE começa a deixar de ser atrativa para os lutadores que observam como a empresa lida com seus talentos dando destaque e privilégios para poucos e demitindo ou escanteando talentos sem um mínimo de satisfação. Um dos pilares da AEW tem sido justamente trabalhar esse tipo de relação empresa-wrestler de uma forma mais saudável.

E aí você vê quem fez a transição da WWE para a AEW recentemente, mesmo que não atuasse pela empresa há algum tempo: Mark Henry, Christian, Big Show, Tay Conti, PAC, Andrade, CM Punk, Ruby Soho, Adam Cole, Bryan Danielson entre outros. E muito mais estão por vir, como por exemplo Kevin Owens e Sami Zayn, que estão com seus dias de contrato contados e sempre foram sub-utilizados na empresa de Vince McMahon.

Mas há espaço pra tudo isso? Claro, talento nunca é um problema para quem compreende que o programa não pode estar limitado apenas a dois ou três nomes, e principalmente compreende que o universo do pro-wrestling não precisa se limitar apenas ao seu show principal. Hoje a AEW já tem seu segundo show, já trabalha junto no show do Impact, libera lutadores para GCW, NJPW e outras indies. A forma como lidar com isso fica para outro texto, mas o grande coração de mãe que é a AEW vai sempre caber mais um.

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