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CM Punk de volta à WWE: o que sabemos

CM Punk fez seu retorno surpresa à WWE na noite de ontem, 26 de novembro, encerrando o Survivor Series na sua cidade-natal de Chicago, Illinois, depois de 9 anos fora da empresa. Detalhes de como o retorno foi feito e como será a passagem de Punk pela companhia que deixou de forma controversa há quase uma década ainda estão surgindo.

Inicialmente, o contrato de Punk com a WWE tem a duração de três anos, segundo o jornalista Dave Meltzer, no podcast da Wrestling Observer. No entanto, ainda não se sabe se o contrato tem o formato de datas de um lutador comum ou um número limitado, como é o caso de Roman Reigns e Brock Lesnar. Se este for o caso, há um ponto positivo em relação à passagem de Punk pela All Elite Wrestling (AEW) entre agosto de 2021 e agosto de 2023. Na empresa de Tony Khan, Punk tinha um contrato de participações regulares. Ou seja, pode ser que ele tenha que lutar menos na WWE, o que é uma vantagem para qualquer lutador, ainda mais para um com 45 anos de idade e quase 20 de carreira.

A passagem de Punk pela AEW foi controversa. Após um início promissor, com seu retorno no segundo episódio do AEW Rampage, e rivalidades incríveis com Darby Allin, Eddie Kingston e MJF, Punk trouxe visibilidade e dinheiro para empresa. O retorno de Punk à luta-livre, na época, era impensável. Em janeiro de 2014, desiludido, cansado, frustrado e machucado, CM Punk deixou a WWE. O motivo principal seria sua saúde física e mental. Os médicos da WWE, de acordo com Punk, falharam em tratar uma infecção estafilocócica. Ele também estava extremamente insatisfeito com sua posição na companhia e pela a maneira como era gerido. A ordem da época era colocar o novato Roman Reigns no topo. Punk não era mais prioridade.

Ele foi demitido oficialmente em junho, por telegrama, no dia do seu casamento com AJ Lee, outro ponto que o deixou frustrado e se sentindo desrespeitado pela gigante de Stamford. AJ, considerada uma das pioneiras da nova geração da luta-livre feminina, permaneceu na WWE até abril de 2015. Ela também se afastaria da luta-livre até 2021, quando assumiu uma posição de produtora na Women of Wrestling (WOW), onde também atuou como comentarista. A Fightful também reportou, em agosto, que Lee deixará a WOW ao fim da temporada.

Em novembro de 2014, Punk participou do podcast The Art of Wrestling, com seu então-amigo Colt Cabana. Lá, abriu o jogo em relação à todos os seus problemas e frustrações em relação à WWE, além de denunciar questões éticas e profissionais, principalmente em relação à equipe médica e criativa. Queimou todas as pontes e recebeu um processo do médico Chris Amann. A ação judicial acabou destruindo a amizade entre Punk e Cabana. Amann, o médico com quem Punk travou uma batalha jurídica por negligência, ainda trabalha para a WWE e estava ao lado do ringue no SmackDown, na sexta.

Depois de uma passagem relâmpago pela Ultimate Fighting Championship (UFC), Punk assinou com a AEW em 2021. A lua de mel acabou no All Out, em setembro de 2022, quando, na coletiva de imprensa após o pay-per-view, atacou verbalmente “Hangman” Adam Page, Kenny Omega, Nick e Matt Jackson, além de questionar a liderança de Tony Khan e a gestão da empresa. Para Punk, o grupo engenhava sabotar sua carreira, além de difamá-lo para os jornalistas da área. Depois da coletiva, uma briga generalizada aconteceu quando Omega e os Young Bucks confrontaram Punk. Todos foram suspensos.

Punk voltaria com um programa próprio – o AEW Collision – nas noites de sábado. Nos bastidores, Punk recebeu controle criativo do programa, sendo de fato separado de seus desafetos. Não adiantou muito. No All In, em Londres, em agosto de 2023, Punk teve um confronto físico com Jack Perry ao se sentir desrespeitado por uma fala de Perry no pré-show do pay-per-view. Além disso, Punk teria ameaçado Khan fisicamente, o que lhe rendeu sua demissão em 2 de setembro.

Como Triple H pontuou na coletiva de imprensa após o Survivor Series, a WWE mudou desde que Punk saiu e, em muitos pontos, é uma empresa completamente diferente. “Todo mundo cresce, todo mundo muda. Ele é uma pessoa diferente, eu sou uma pessoa diferente e essa é uma empresa diferente“. Vince McMahon, o todo-poderoso durante toda a primeira passagem de Punk, não apita mais nada desde a fusão e criação da empresa TKO. Não passa de uma lembrança de outros tempos e só é mencionado em legado.

A política de Triple H, o novo césar, leva uma relação muito mais próxima do talento, com histórias mais arrojadas, cuidadosas e com começo, meio e fim. O que cria um ambiente muito mais prazeroso para os lutadores. Vince, claro, era famoso por suas mudanças bruscas e imprevisibilidade.

Não que a relação entre Punk e Triple H fosse maravilhosa. Os dois nunca se bicaram e o início da ascensão de Hunter como chefe de operações coincide com o declínio de Punk e eventual saída. Palavras duras foram ditas em frente e por trás das câmeras, desde a pipebomb original em Las Vegas, quando Punk previu que a WWE seria tomada pelo “cunhado estúpido” após a morte de Vince.

Mas dinheiro muda as coisas. A WWE está atualmente, em um de seus períodos de maior sucesso na história, batendo recorde de arrecadação, audiência e venda de pay-per-views mensalmente.

Cody Rhodes e, até certo ponto, Jade Cargill, pulando da AEW para a WWE e sendo tratados como estrelas, com planejamento, destaque e contracheques polpudos mostrou para uma série de lutadores outrora insatisfeitos que a grama da WWE está esverdeando de novo. “Ame ou odeie, as pessoas falam dele. O tempo todo. Ele é um imã (…) Se nossos fãs querem, vamos nessa“, disse Triple H.

Quando estreou na AEW, Punk deixou claro que, um dos motivos pela escolha, foi a forma como a empresa se portou durante a doença e morte de Brodie Lee. Disse publicamente que a forma respeitosa e privada pela qual o assunto foi tratado lhe ajudou a tomar a decisão. Detalhes do estado de saúde de Lee nunca vazaram. Era um diferencial. Detalhes da volta de Punk para a WWE não caíram nos ouvidos de jornalistas. Ninguém abriu o bico. Sean Ross Sapp, por exemplo, apenas conseguiu confirmar a notícia dois minutos antes da volta de Punk à TV, quando a produção começou a mexer no palco e mover pessoas na Allstate Arena.

Tanto a Fightful quanto o WrestlePurists confirmaram as falas de Triple H na coletiva de imprensa, de que um acordo com Punk só havia sido finalizado no dia do Survivor Series, e envolveu apenas Punk, Triple H e Nick Khan, o presidente da WWE. De acordo com Meltzer, o contrato foi finalizado há 10 dias. O elenco da WWE presente na luta WarGames que encerrou o pay-per-view foi avisado pouco antes da luta.

As reações exacerbadas de Seth Rollins e Drew McIntyre chamaram a atenção. Drew, de acordo com a Fightful e com o Wrestling Observer, marchou para os bastidores da Allstate Arena assim que seu time foi derrotado na WarGames, mas antes do retorno de Punk. As reportagens afirmam que McIntyre estava bravo durante todo o dia e, após encerrar sua participação, deixou a arena batendo portas e sem falar com ninguém. O contrato de McIntyre com a WWE se encerra próximo ao WrestleMania do ano que vem e sua reação não está necessariamente ligada ao retorno de Punk.

A de Rollins é mais delicada, aparentemente. Há poucos meses, em entrevista a Nick Hausman, então na Wrestling Inc, Rollins chamou Punk de “câncer” e “babaca”, deixando claro que não gostaria que Punk voltasse à WWE. Durante o retorno de Punk, fãs filmaram Rollins irado, xingando Punk e lhe mostrando o dedo do meio, sendo segurado por agentes, Michael Cole e Corey Graves.

Toda essa raiva, segundo os jornalistas, é falsa e parte da história. Meltzer foi mais direto em seu podcast, deixando claro que a reação de Rollins é completamente roteirizada e será usada para uma história entre Punk e Rollins. Já Sapp afirmou que Rollins estava realmente descontente com a situação nos bastidores, o que deixou Punk confuso. A reação de Cody Rhodes, pelo menos publicamente, foi mais amistosa. Na coletiva de imprensa, até de forma um pouco política, Rhodes deu boas-vindas à Punk, mas, talvez até de forma subliminar, o cutucou, dizendo que “Se ele pode ajudar, bem-vindo à bordo. E eu sinto que o CM Punk que está vindo está com fome“. Ou seja, se não for pra ajudar, nem venha.

Punk não saiu da UFC com muitos amigos. Dana White, por exemplo, chefão da liga de MMA, não morre de amores por seu ex-funcionário. Mas, agora, a WWE e o UFC estão sob o mesmo guarda-chuva da TKO. No entanto, como Triple H notou na coletiva – e foi confirmado por Meltzer – a negociação se deu exclusivamente entre Punk, Triple H e Nick Khan, não envolvendo a equipe da TKO, que, aparentemente, descobriu pela televisão.

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