Desde suas origens, as empresas de luta-livre profissional necessitam de uma figura chave que represente sirva como ícone representativo da companhia, em geral sendo o campeão principal da empresa durante um grande período de tempo. Foi assim com com Lou Thesz na NWA, com Hulk Hogan na WWF, com Ric Flair na WCW e tantos outros ao longo da história. John Cena poderia ser apenas mais um destes exemplos, mas sua figura possui certas particularidades que o tornam uma figura única na história da luta-livre, devido ao modo como o público reage à sua presença: De maneira mista, com aplausos e vaias em mesmo tom.
Cena não é o único dos grandes Ícones a lidar com reações mistas ao longo de sua carreira. É até bem comum que após um certo período com uma figura no topo o parte do público passe a se cansar de ver o mesmo cara lá em cima, e vaiá-lo em forma de protesto por mudanças. Hulk Hogan passou por situação semelhante na WCW antes de se tornar Hollywood Hogan. Entretanto, a curiosidade fica por conta da reação recente do público quanto ao confronto entre John Cena e Roman Reigns, o escolhido pela WWE para se tornar o sucessor de Cena no posto de principal nome da empresa.
A parte mais velha do público alvo da empresa, a mesma que povoa a internet que tanto odeia John Cena, aplaudiu de pé a promo de Cena contra Reigns, aprovando todas as declarações do veterano contra o ainda verde wrestler. Porque alguém que é tão odiado por uma faixa do público consegue aplausos desta mesma faixa de público ao criticar seu sucessor? É simples, estes fãs nunca odiaram Cena exatamente, eles apenas odeiam a figura máxima que ganha repetitivamente de maneira entediante.
Cena fez este papel, e a WWE agora quer colocar Reigns para ocupar este posto. Mas o que a WWE esquece é que Cena não assumiu o papel de número 1 da empresa à toa. Ele possuía uma capacidade inata de atrair a atenção do público, conectar-se como poucos conseguem com o chamado WWE Universe. Assim como The Rock e Hulk Hogan, Cena é carismático o suficiente para ser odiado e amado ao mesmo tempo. E o resultado disso é que Cena está seguindo o mesmo caminho que os dois citados seguiram ou tentaram seguir em algum momento de suas carreiras: Hollywood.
Hulk Hogan bem que tentou, mas sua imagem com a luta-livre era tão forte que sua carreira em filmes não decolou. The Rock teve melhor sorte, e atualmente é o ator mais bem pago do planeta e figura em filmes de sucesso econômico como Velozes e Furiosos.
Cena caminha para seguir o mesmo caminho, sendo atualmente cotado para protagonizar o filme do Super-Herói Shazam. Se Cena vai ou não ter sucesso como ator em hollywood só o futuro pode dizer, mas enquanto isso, a WWE precisa perceber que não pode querer que Reigns seja Cena. Porque Cena era como Rock e Hogan, estrelas que surgem uma vez a cada 20 anos. O máximo que a empresa pode conseguir com Reigns é torna-lo odiado pela maior parte do público e tolerável pelos mais jovens, algo que já ocorre. E isso não é bom para a WWE. Porque quando Cena for embora, um buraco ficará aberto e será necessário alguém com as mesmas capacidades para preenche-la.
Se a empresa não abrir os olhos, uma hora o público se cansará de só vaiar Reigns e, por não ter ninguém para aplaudir de verdade, poderá preferir ver Cena atuar no cinema a ir a um show da WWE. Cena, como Hogan, pode deixar um buraco na empresa que será preenchido por vários nomes (Bret Hart, Shawn Michaels, Diesel), mas nunca totalmente preenchido. Até que a WWE encontre seu novo ícone de verdade, tal como foi com The Rock (e Steve Austin). Mas será que Vince McMahon estará disposto a passar por uma nova Attitude Era para encontrar o substituto de Cena? Duvido muito.
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