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Na Teia do Aranha #102 – O que aprendemos?

Salve, povo!

Chegamos ao último texto deste ano caótico de 2020. Muita coisa passou por nós, de forma tresloucada, mas a pergunta não cala na nossa mente: o que a luta livre profissional aprendeu nesse tempo?

Leia, reflita, opine e sugira próximos temas, como sempre.

Forte abraço e Boas Festas!

O que aprendemos?

Quando chegamos a essa altura de cada ano, sempre olhamos para dentro de nós e para trás, com o intuito de descobrir o que fizemos de bom e de ruim, numa boa autocrítica que, teoricamente, nos leva a um desenvolvimento, enquanto pessoas, no próximo ano. Não deixamos de ter o mesmo olhar para a luta livre durante o ano de 2020 que está se encerrando, sabendo com toda clareza que, até então, este foi o ano mais insano que tivemos dentro do esporte de entretenimento.

E não foi somente por causa do coronavírus que, por si só, já faria 2020 ser lembrado como um ano caótico, que nos levou muita gente por conta desta doença. Poderíamos falar também das demissões em massa nas empresas de pro wrestling pelo mundo, o movimento #SpeakingOut, promoções fechando e outras abrindo em meio à pandemia, dentre outros pontos que, talvez, vocês possam explicar melhor do que eu.

Contudo, no meio deste caldeirão maluco que esse ciclo nos proporcionou, um questionamento importantíssimo precisa ser feito: quais foram os maiores aprendizados que os 365 dias de 2020 nos agraciaram? No meu ponto de vista, dentre alguns, valem ser citados alguns como os que mais me chamam a atenção.

  1. A luta livre não tem mais espaço para preconceitos e/ ou violências de qualquer forma. Não importa se você é alto, baixo, gordo, magro, cabeludo, careca, homem, mulher, homo, hetero, poli ou assexuado, gosta de cores chamativas ou não, fala alto ou não, é engraçado ou mais sério, se viu a sua primeira luta ontem e curtiu ou se já assiste a décadas: o multiverso do pro wrestling não deve mais ser limitado a apenas uma configuração de lutadores(as). Muito menos deve se submeter a uma construção sexista. Infelizmente, crescemos sendo educados dessa forma e instigados a olhar quando alguém não se encaixa nesse molde com nojo. O que deve prevalecer é a sua capacidade de contar histórias atraentes dentro das possibilidades múltiplas que a luta livre proporciona dentro de suas rivalidades e embates, com respeito e carinho.
  2. A luta livre tem a capacidade plena de se reinventar.  Durante anos, presenciamos um molde dentro do esporte de entretenimento que foi seguido por grande parte das promoções independentes e/ou iniciantes no mercado como modelo de sucesso. Porém, a multiplicidade de públicos que a luta livre está atingindo não dá mais brechas para que apenas um olhar sobre as coisas seja dominante. Soma-se a isso a pandemia da covid-19 e tivemos uma sessão de desespero por parte das empresas, que não sabiam o que fazer para continuar a manter seu público fiel a sua programação. Daí, vimos desde a criação de plateias virtuais a programas e shows das mais diversas formas, veiculados por redes sociais e afins, que fizeram esse ano gerar (talvez) um novo paradigma criativo para a luta livre profissional.
  3. Existe luta livre para além das principais empresas dos Estados Unidos. Não há como negar que as empresas estadunidenses de luta livre são as mais midiáticas do mundo e que, com isso, conseguem disseminar seu conteúdo de maneira mais fácil, atingindo a mais pessoas. Porém, esse megaverso não é limitado somente a essas poucas: existe muito mais coisa nesse mundão do pro wrestling. Outras promoções independentes de qualidade dos próprios Estados Unidos, como de outros países ao exemplo do Japão, México e o próprio Brasil foram descobertas e foram percebidas como produtos de qualidade, que merecem ser acompanhados e aproveitados como qualquer outro.
  4. O Brasil não é mais um mercado potencial: é um mercado real. WWE, AEW, AAA, BWF televisionadas (na maior parte dos casos) em horários de qualidade em redes abertas e fechadas. Veículos de comunicação secular divulgando a luta livre profissional para além das expressões pobres de “lutas arranjadas” ou “lutinha de mentira”, mas dando o valor que o esporte de entretenimento merece. Mulheres e homens do país chegando às principais empresas nos principais mercados do mundo. Promoções nacionais gerando bases de fãs e crescendo em todas as regiões do país. É claro que ainda há um caminho muito grande pela frente, mas, definitivamente, não estamos mais parados nas lembranças de um passado. Somos o presente.
  5. Evolução da produção de conteúdo especializado em luta livre no Brasil. Claro que ficamos muito felizes com o que o Wrestlemaníacos cresceu nesse ano, com a criação de novos conteúdos em outras plataformas (podcasts, vídeos, etc.). Contudo, não há maior alegria em ver que outros estão seguindo este mesmo caminho de desenvolvimento, com qualidade, respeito a quem consome o produto e a quem caminha junto na mesma área de atuação. As uniões que produtores brasileiros de conteúdo estabeleceram esse ano é um exemplo fortíssimo de que podemos caminhar juntos, em prol da divulgação e crescimento da luta livre em nosso país e em demais países de língua portuguesa.

O ano de 2021 promete muito mais do que este ano proporcionou, mesmo com suas grandes limitações. Fomos capazes de fazer tanta coisa com tantas amarras e a esperança é de que ano que vem, seja ainda melhor que esse. E você? Comente o que acha que foi a maior lição que a luta livre aprendeu durante o ano de 2020.

Que 2021 seja bom para todos nós. Boas festas e feliz ano novo!

Por Joao Aranha

Gosto de lutinha a um tempo. Escrevo sobre lutinha a um tempo. Comentei lutinha na TV por um tempo. Ídolo do Rato e do Izac Luna nas horas vagas.

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