Salve, povo!
Em mais um pensamento que colocamos nesse espaço, olhamos para a nossa realidade atual, com o processo de vacinação da humanidade contra a Covid-19 se iniciando, e pensando no que a luta livre precisa se preocupar com essa possível retomada do “normal” na sociedade.
Agradecimentos a Luiz “Menino Tanaka” Barros pela sugestão do tema. E você também pode sugerir próximos temas. Só deixar nos comentários, ok?
Forte abraço e valeu!
Recuperar e Refletir
Nos dias atuais, um fato é comum: por todos os lados midiáticos que nos cercam, o tema que mais se fala é sobre a pandemia do coronavírus – desde hospitais que, surrealmente, estão deixando pessoas morrerem por falta de itens básicos, como Oxigênio, até a expectativa pela vacinação (que, em nosso país, começa em passos muito lentos, porém, começa). E mesmo que leiamos sobre luta livre nos sítios de notícias e perfis que lidam com o tema, vez em sempre, ouvimos sobre “lutador fulano está fora do evento X, devido à infecção pela Covid-19” ou “lutadora sicrana fala sobre a Covid-19”. Ou seja: essa doença é uma realidade que afeta todas as áreas da sociedade, e o pro wrestling não é exceção.
Diante de várias questões envolvendo essa doença pandêmica que, até o dia em que escrevo este texto, já dizimou mais de dois milhões de pessoas, sendo pouco mais de duzentos e nove mil somente no Brasil e quase quatrocentas mil nos Estados Unidos, somadas ao processo de imunização global que ocorrerá durante o ano de 2021, alguns pontos de reflexão precisam ser exercitados e priorizados, ao meu ver:
- As empresas não podem encerrar, de uma hora para a outra, os protocolos de segurança, tanto para os lutadores, quanto para o público, que, devidamente vacinados, poderão voltar aos poucos a eventos coletivos com maiores aglomerações. Esse processo precisa ser gradual, contínuo e muito bem avaliado, com volta ao estado de proteção máxima, se necessário. Se empresas grandes e avantajadas financeiramente, como a WWE e a AEW sofreram com casos da doença, nem quero imaginar o dano mais irreparável que um afrouxamento das medidas de segurança pode acarretar. Um ótimo exemplo do que não se fazer é o que ocorreu com o campeão da WWE, Drew McIntyre, que está acometido pela Covid-19 e não sabemos se ele já estava infectado durante o “RAW Legends Night” – o qual teve uma grande quantidade de pessoas em grupo de risco juntamente com o mesmo – e a empresa, erroneamente, anuncia o mesmo para o Royal Rumble deste ano, como se fosse ficar curado até lá, sendo que não se tem essa certeza.
- Com a volta do público aos locais dos eventos, as promoções precisarão repensar, novamente e em um tempo curto, a sua forma de desenvolver os shows. Afinal, as palmas e as vaias, dentre milhares de outras reações, voltarão a ser naturais. O show não será mais feito para pessoas em telões ou para as câmeras, mas para gente viva, olho no olho. As reações não ficarão limitadas somente às redes sociais. Então, já começar a pensar como lidar com esse tipo de reação ao vivo é urgente. Senão, quando perceberem, o público que já vive um processo de se esvair desde o ano passado, vai continuar a acontecer, e mais vorazmente.
- As promoções de luta livre, especialmente as maiores, mais ricas e/ou mais famosas precisam descer de seus pedestais e entender que não estão mais sozinhas no mundo. O processo de distanciamento físico (que não foi seguido por todos, infelizmente) trouxe uma virtualização e disseminação dos materiais sobre o esporte de entretenimento, que empresas totalmente desconhecidas ou pouco conhecidas nos cenários nacional e internacional puderam se colocaram em condições de mostrar seu produto para que um público que desconhecia totalmente que não tinha luta livre somente na WWE e não fazia ideia da existência de grupos que fazem shows de pro wrestling no seu estado ou município. Não estou exagerando: cansamos de receber mensagens das pessoas se dizendo surpresas por não saber que tinha luta livre perto da casa delas, começa a seguir e fica muito animada com isso. Isso traz um movimento de pulverização de público muito interessante, que leva a um último ponto, a seguir.
- Há que se atentar muito para uma possibilidade real de “descongelamento do iceberg de tradição” de certas empresas de luta livre, devido a esse movimento de pulverização do público, levando as pessoas a, por exemplo, poderem dizer que não querem assistir o RAW, pois podem assistir a MLW, NWA ou ROH gratuitamente, pela internet, por exemplo. Podem dizer também que não assistirão mais a WWE, pois não atende mais as suas expectativas, e que prefere assinar o serviço de streaming da NJPW ou assinar os canais de promoções nacionais, como BWF, FILL, PWC, CFW, EWF, FWE e APW, dentre outros. Muitos desses nomes citados aproveitam e se aproximam do público deste nicho, que gosta desse tipo de movimento. Esse “descongelamento” não ocorre de uma hora para a outra, mas é um processo. Porém, o ano de 2020 nos permitiu vislumbrar essa possibilidade de forma mais concreta e olhar esse movimento acontecendo em 2021 e anos seguintes não é absurdo.
São muitas outras possibilidades que aparecem aos nossos olhos nesse ano de 2021, em cima da perspectiva de uma recuperação do planeta contra o coronavírus. Mas, o que permeia todos esses pontos citados acima se resume em uma palavra: cuidado. Aquela promoção que não demostrar concretamente e respeitosamente que se preocupa com seus funcionários, seu público e com a realidade social e cultural à sua volta, combatendo preconceitos enraizados e se esforçando para ser melhor a cada dia, será, aos poucos, colocado para escanteio. Assim como queremos que a Covid-19 seja colocada – com todos se imunizando devidamente e ninguém virando jacaré.
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