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Na Teia do Aranha #105 – Dá pra ter isso?

Salve, povo!

Em mais uma semana que nos encontramos nesse espaço, para pensar um pouco juntos sobre o universo da luta livre que tanto amamos, entramos com um questionamento que vez em quanto, pipoca nas nossas mentes – em especial, os fãs da WWE: atualmente, dá pra ter lutas mais vorazes nas marcas principais da empresa da família McMahon?

Agradecimentos ao colega André Gois, que deixou a sugestão de tema do texto nos comentários da postagem da última coluna, pelo Facebook. E você também pode sugerir o próximo tema – é só deixar junto aos comentários pelo site ou pelas redes sociais, ok?

Leiam e divirtam-se.

Abraços e valeu!

Dá pra ter isso?

Poucos meses atrás, presenciamos o que, para mim, foi o melhor embate de toda a WWE no ano de 2020: Walter vs. Ilja Dragunov, pelo WWE United Kingdom Championship. Uma luta que teve todos os elementos de construção de rivalidades bem encaminhados (o que é uma tarefa complicada em tempos pandêmicos) e promoveram uma luta que não passava nada em minha mente além de lamentar por não ter público presente ao vivo para presenciar e passar aquela energia necessária e que tem a capacidade de dar qualidade ao que é ruim e, como teria sido nesse caso, tornar excelente aquilo que já está ótimo por si só.

Após a luta ser exibida, alguns questionamentos foram levantados sobre a capacidade de assistirmos algo igual ou parecido nas marcas principais da empresa, como RAW e SmackDown, pois, o próprio NXT estadunidense já mostrou lutas com qualidade e intensidade muito semelhante, como, por exemplo, os últimos duelos entre Finn Balor e Kyle O’Reilly. É um ponto interessante a se pensar. Porém, a resposta está mais na estrutura de programa que as empresas desejam desenvolver do que na vontade que os lutadores têm de se envolver em rivalidades tão brutais.

RAW e SmackDown são programas com dinâmicas bem diferentes. Porém, as duas marcas trabalham com conceitos bem parecidos em seu cerne: desenvolver um programa de esporte de entretenimento com censura livre, para que tanto eu, você, seu primo menor de idade, sua namorada ou sua avó possam ver e se identificar com o show que é proporcionado para dois canais que tem um bom alcance no país de origem. E, dentro de uma dinâmica como essa, em grande parte das vezes, o que atrai o público e o fideliza em frente à televisão semanalmente e/ou o faz disparar mensagens em redes sociais e rodas de conversas reais ou virtuais é como a história é contada, e não se a luta foi tecnicamente boa.

Mais uma vez, ressalvo: não é que a técnica não seja importante dentro do pro wrestling e que lutas como essa nunca possam acontecer em grandes shows, pois, com certeza, eles estariam prontos para fazer isso na hora em que fosse possível, de acordo com o desenvolvimento de suas rivalidades. Contudo, dentro do contexto o qual a WWE é inserida, dificilmente isso será prioridade dentro de seus shows principais, até porque o público que mais reclama sobre essa falta de “lutas com intensidade” é um nicho dentro do nicho, e já está, de alguma forma, fidelizado ao produto.

Então, o que podemos esperar, dentro desse questionamento, é que essas lutas mais brutais aconteçam com mais frequência em programas onde esse nicho dentro do nicho assiste e onde a equipe criativa tenha um maior grau de liberdade e facilidade para atender a esse tipo de espectador, como o NXT estadunidense e o NXT britânico. Fora desse universo, a possibilidade de lutas no estilo e no nível de Walter e Dragunov não será comum. E isso não é exclusividade da WWE. Outras promoções que possuem mais de um show ou tem conhecimento sobre o tipo de audiência que possuem sabem até onde a sua criatividade pode ir e de que maneira podem exteriorizar os seus desejos, para alcançar e manter o máximo de pessoas possíveis assistindo seus programas. Manobras mais do que comuns dentro de um esporte onde a gestão do produto vem tendo, com o passar o tempo, mais cuidado com a validade de suas construções.

Por Joao Aranha

Gosto de lutinha a um tempo. Escrevo sobre lutinha a um tempo. Comentei lutinha na TV por um tempo. Ídolo do Rato e do Izac Luna nas horas vagas.

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