Salve, povo.
Em mais um texto neste espaço, comento com vocês como uma mudança de gênero ligada à luta livre pode causar uma reflexão importantíssima, especialmente nos tempos em que estamos.
Como sempre, aproveitem a leitura e deixem seus comentários, com sugestões para os próximos pensamentos, ok?
Forte abraço e valeu!
Transição e Aceitação
Alguns dias atrás, chegou até nós a notícia de que Gabe Tuft, mais conhecido pelos seus tempos de lutador na WWE, sob o nome de Tyler Reks, fez sua transição para o gênero feminino, sendo chamada, a partir de então, de Gabbi Tuft (como você pode ver em matéria do nosso site clicando aqui). Para quem a conheceu dentro dos ringues, em sua passagem pela FCW, ECW e SmackDown, em um primeiro momento, uma declaração de mudança de gênero tão repentina pode parecer surpreendente. Mas não é.
Acompanhando a vida dela pelas postagens em suas redes sociais, podemos entender com maior facilidade que essa questão foi um processo de anos, e que só veio a ser falado agora pelo medo que ela tinha da reação alheia, segundo dito por ela: “Este é o meu lado que se escondeu nas sombras, assustada e com medo do que o mundo pensaria; medo do que minha família, amigos e seguidores diriam ou fariam. Não estou mais com medo. Agora posso dizer com confiança que me amo por quem eu sou”.
![](https://metro.co.uk/wp-content/uploads/2021/02/Tyler-Reks-42b7.jpg?quality=90&strip=all&crop=0px%2C0px%2C1200px%2C630px&resize=1200%2C630)
Por um lado, há que se ficar feliz pelas enormes reações de carinho que ela recebeu por parte de várias pessoas que a conheciam antes e que vieram a conhecê-la devido a repercussão de sua história. Por outro lado, há que se ressaltar as várias reações negativas por conta do fato – em especial por parte de fãs de luta livre estrangeiros, que viram a transição de gênero como algo estranho, bizarro ou até anormal. Alguns até justificaram a mudança pela sua jornada não bem-sucedida na WWE como um homem.
Infelizmente, quanto à violência contra transexuais, não temos muita moral para falar, pois, de acordo com a “Trans Murder Monitoring”, somos o país que mais mata trans no mundo, liderando esse ranking nos últimos 12 anos, com México e Estados Unidos vindo em seguida, fechando esse triste pódio. Claro que melhoramos em alguns aspectos, como a eleição de trans nas Câmaras Municipais no ano de 2020, que aumentou o quantitativo em cerca de 226% – mas ainda está longe de ser o ideal e longe de acabar, pois exige de nós uma autocrítica bastante pesada, que nçao cabe em um simples texto.
![](https://i.ytimg.com/vi/bQ_rE5LhtUQ/maxresdefault.jpg)
O que podemos focar aqui, nesse momento, é que, como Gabbi, existem muitos e muitas que vivem esse drama dentro da luta livre, por ser ainda um terreno inundado de preconceitos de vários tipos. O caso melhor sucedido de lutadora trans da atualidade é Nyla Rose, que vem fazendo um ótimo papel dentro da AEW (foi, inclusive, campeã feminina da empresa por um tempo). Porém, casos como o dela, de Candy Lee e de outros e outras, são muito pontuais dentro de um megaverso que clama por criatividade e aceitação de todos os tipos de pessoas e histórias, mas, o que vemos é o “bonde do cabeludo, barbudo e trevoso” atacando vorazmente, sem dar o mínimo de chance para a imaginação. Depois, não tem a moral para reclamar das baixas audiências e engajamento de seus produtos.
Espero que o caso de Gabbi seja mais uma semente de reflexão no meio desse universo maluco que a luta livre vive, onde o diálogo, o equilíbrio e a aceitação são elementos que ainda estão em muita falta, ainda que existam esforços para essa direção, dentro e fora do Brasil. Que ela seja feliz e que o pro wrestling e seu público abram os olhos para o que está a sua volta, senão, ficarão para trás no caminho da sociedade.
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