Salve, povo!
Em mais um texto neste espaço, venho com um desabafo. Estamos a alguns dias de uma WrestleMania, e qual é o sentimento que meu coração e mente tem quanto ao evento? Leia, reflita, comente e sugira próximos temas, como sempre.
Forte abraço e valeu!
A Maior Vergonha de Todas.
Normalmente, para os fãs de luta livre, quando a semana da WrestleMania se aproxima, o ânimo aumenta, as discussões para o show se tornam mais acaloradas, as expectativas crescem e até aquele seu amigo ou amiga que conhece alguma coisa de pro wrestling vai se atualizar do que está acontecendo na WWE, só pra poder ver a ‘Mania, não é mesmo? Pois é, só que o ano de 2021 (ou, para alguns, 2020 – parte 2) está sendo um ano tão estranho, que é a primeira vez que me lembro que essa animação que seria mais do que natural (pelo evento ser o maior da luta livre profissional no mundo) dá lugar a sentimentos de preocupação, tristeza e até decepção. Estão errados os que se sentem assim? Não.
É impossível que neguemos que a pandemia do coronavírus é uma realidade que assola o planeta, e que os Estados Unidos são um dos epicentros desse surto da doença. O evento será sediado na cidade de Tampa, Florida (estado que, na data em que escrevo esse texto, alcançou a marca de 2 milhões de casos de covid-19). Esses fatos já seriam mais do que suficientes para que, no máximo, fosse feito tal qual no ano de 2020: um evento com portas fechadas, no ThunderDome. Porém, a intenção da WWE, segundo os veículos de mídia da cidade que sediará a WrestleMania, é colocar uma média de 25.000 pessoas por dia de evento – média maior que, por exemplo, os Buccaneers (time da NFL dono do estádio onde acontecerá o show) colocaram no mesmo local, na última temporada do futebol americano, de cerca de 18.750 pessoas.
São compreensíveis as justificativas dos favoráveis ao show ser feito com abertura ao público, dizendo que os Estados Unidos estão vacinando grandes quantidades de pessoas diariamente, e que isso, somado a todo o dito protocolo de segurança, seria o suficiente para manter todos protegidos o suficiente para que o pior não venha a acontecer. Todavia, sempre esquecemos de que, para que o público possa participar do espetáculo de dois dias, existem várias outros contingentes que precisam trabalhar: os funcionários do estádio e demais serviços nos arredores da cidade, sistema de trânsito e hoteleiro da região, aeroportos domésticos e tráfego interestaduais que aumentam o fluxo, hospitais e demais serviços emergenciais, etc. Ou seja, para algo dessa grandeza acontecer, uma máquina enorme é posta em movimento e o vírus continuará a se deslocar, de forma mais rápida, trazendo perigo àqueles que não foram vacinados ou que tem comorbidades que as impedem de se vacinarem.
Porém, creio que o fato que mais entristece é a mensagem que um evento desse pode passar ao mundo. Ainda mais se tratando de uma empresa em nível global, como a WWE, seria plausível esperar que a empresa se unisse ao esforço global de medidas de distanciamento físico, dentre outras, e não permitisse que algum evento com público acontecesse (mesmo sabendo que os shows do NXT acontecem a alguns meses com público e que alguns surtos severos de covid foram escondidos pela própria empresa). Porém, o que presenciamos é, infelizmente, mais do mesmo acontecendo: o capital vencendo o cuidado com a vida, os show sendo abertos a um público gigante e eles mostrando a sua “força” para todo o mundo, dizendo que “tá tudo bem”. E não tá bem. Pelo contrário: essa é uma demonstração, por parte da empresa, de total falta de respeito com o seu “Universo”. Até o mês de fevereiro desse ano, segundo a ONU, 130 países ainda não tinham sido vacinados, pois, na maioria dos casos (Brasil é uma exceção macabra a essa regra), as grandes potências econômicas ou aquelas nações que se planejaram com as compras, estão conseguindo ter as doses necessárias.
Dá pra dizer que só a WWE está errada neste ponto? Não. A AEW tem feito os seus shows com público e, em vários closes de câmera, vemos o seu público sem máscara e ignorando totalmente os cuidados necessários nesse momento. E esse é só um exemplo, pois outras promoções, nacionais e internacionais, seguiram o mesmo caminho. Ou seja, estamos vendo o pro wrestling indo totalmente na contramão da vida.
A empresa dos McMahon, com essa WrestleMania, puxa uma carruagem da morte, em prol de algo que, aparentemente, será bom para eles. E nem para criar histórias que atraiam aqueles que querem ver o show, eles tem competência para fazer. Então, você que está triste, decepcionado, desanimado, entristecido com ou qualquer outro sentimento desse naipe sobre a ‘Mania, tenho algo a lhe dizer: você não está sozinho. Essa até pode não ser a WrestleMania mais fraca da história. Mas ficará marcada como, até então, a mais vergonhosa de todas.
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