Salve, povo!
Enclausrados estamos, com vocês, mais vez, para refletir sobre algo que, diante de tamanho caos instaurado no mundo (inclusive da luta livre), quase que caiu no esquecimento, que é a (re)estreia da WWE no SBT dentro de pouco menos de duas semanas.
Como sempre, leia, reflita, comente e, se quiser, sugira temas para próximos textos. Forte abraço e valeu!
Tudo isso é bom mesmo?
Creio que boa parte dos fãs de luta livre no Brasil ficaram animados com a notícia e as chamadas que apontam para a reestreia do Monday Night RAW, em sua versão “road show” (um resumo do programa, com os melhores momentos, com duração de cerca de uma hora) a partir do dia 11 de abril de 2020, a partir das 19 horas. Afinal, uma geração de fãs brasileiros de luta livre foram formados a partir das exibições do mesmo RAW e do SmackDown nas tardes de sábado do ano de 2008, e a esperança é que essa mesma geração de fãs se renove com essa exibição pela televisão aberta – pois, lembremos que estamos em um país pobre e que nem todo mundo tem acesso a uma assinatura de televisão a cabo ou a uma conexão de internet que possa fazer downloads por meios ilícitos. Mas, será que tudo é bom nessa volta?
Coloco, aqui, três aspectos para nos fazer pensar. O primeiro deles é estar em uma televisão em que qualquer programa pode aparecer e desaparecer na programação como em um passe de mágica, caso não satisfaça os caprichos do dono do canal. Duvida do que falo? Não precisa ir longe, apenas pesquise em algum motor de pesquisa algo como “mudanças de programação SBT” ou parecido, para se perceber que tudo acontece de acordo com os desejos do dono do Baú da Felicidade.
Quando falamos em um produto que está chegando no país (pois doze anos de ausência é tempo suficiente para gerar um buraco entre gerações que assistiram e as que assistirão o programa) e que deseja criar um público fiel, não deveria se falar em ameaças de mudanças de horário com tanta facilidade assim. O programa se fixa não somente pelo que é exposto, mas todo um componente fora isso, como os próprios horários de exibição.
O segundo ponto reside na censura. Sim, essa palavrinha tão famigerada, que assolou a exibição da WWE desde os tempos da Manchete (em “A Grande Jogada”), até os dias atuais. Ou vocês acham que uma das censuras mais ferrenhas do mundo limitará a mordida de Shayna Baszler em Becky Lynch somente com a imagem em preto e branco? Lembremos que a exibição será em pleno sábado, após programas de cunho extremamente familiar, e que não seria a melhor propaganda do universo se a sua avó ou a sua tia, que estavam assistindo ao Raul Gil, assistissem a WWE pela primeira vez na vida, com o Aleister Black aparecendo de cara. Quantas pessoas apareceriam, pelas redes sociais, falando que luta livre é coisa do capiroto? Sei que é um exemplo exagerado, mas, será que algo, com essa dinâmica, não seria capaz de acontecer?
Termino entrando no ponto do próprio mercado brasileiro em frente ao dólar estadunidense. No dia em que escrevo este texto (08/03/2020), visualizo a cotação do dólar em R$ 4,63. Então, uma assinatura promocional da WWE Network sairia pela bagatela de R$ 46,25 mensais e, após o tempo promocional, sairia pelo precinho camarada de R$ 92,55 mensais. Isso porque não falei que ingressos para a Wrestlemania deste ano de 2020 sairiam entre R$ 162,05 e R$ 4.630,00 (ingressos normais, ok? Pois ainda temos os ingressos especais, os quais não desejo saber os valores). Puxado, né? E se te falasse que, nesses termos, o valor médio do ingresso para um House Show da WWE, como tivemos a alguns anos atrás, é de R$ 597,27? Complicado, não acha? Ainda mais em um pais que, segundo o Censo 2018 do IBGE, apresentou que a maioria dos brasileiros recebeu, em média, R$ 928,00 mensais. Isso, não é numeração chata. Isso é o que, lá na ponta da empresa, vai interessar. Tudo é feito para o seu consumo. E se não houver consumo em audiência e em produtos, podemos fazer quantas hashtags e/ou petições quisermos, serão ignoradas e qualquer exibição do programa será cancelada, pois não gera o lucro e a rentabilidade suficiente para manter o produto no país.
Enfim, o desejo é que esse seja um reinício digno de caminhada da WWE na televisão aberta, que outras promoções – nacionais e internacionais – tenham essa mesma abertura nos canais de televisão, que uma nova geração de fãs seja criada, fomentada e desenvolvida de maneira saudável, e que o esporte que tanto amamos cresça cada vez mais nessa terra tupiniquim. Mas, que possamos, igualmente, refletir e ficar de olho em todos esses aspectos, para que não se torne mais uma decepção televisionada.
Loading…