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Na Teia do Aranha #89 – Botar para Fora

Quais são as consequências práticas do movimento #speakingout?

Salve, povo.

Como não pode deixar de ser, refletiremos, dessa vez, sobre o movimento #speakingout e quais deveriam ser as consequências práticas desta denúncia.

Leia, pense, comente e sugira novos pensamentos.

Forte abraço e valeu!   

Botar para Fora.

A cada semana, o universo da luta livre nos surpreende mais. Primeiramente, são as empresas estadunidenses (em sua maioria) que insistem em querer voltar os shows televisionados e com público, com a justificativa esdrúxula de que querem “dar alegria ao povo” (#davidluizfeelings). Perpassa por demissões em massa da maior empresa do gênero no mundo, se justificando no prejuízo que está tomando, sendo que a mesma tem um lucro líquido tão grande, que sustentaria todo mundo por (talvez) mais de um ano. 

Agora, o aparecimento de inúmeras acusações de abusos de cunho sexual, físico e psicológico a lutadores, com a hashtag #speakingout, que se iniciou contra David Starr e, em cerca de 48 horas, nomes já ventilados de tempos anteriores, como Velveteen Dream e Jim Cornette, se aliam a pessoas como Matt Riddle, Jack Gallagher, Travis Banks, Jordan Devlin, Mark Adam Haggerty, Ligero, Joey Ryan, Dave Christ, Jimmy Havoc, dentre vários. Acusações sérias, graves, dignas de que as pessoas acusadas paguem pelo que fizeram e sejam submetidos a tratamento psicológico urgente.

A pergunta que fica é: quais devem ser as consequências práticas de toda essa celeuma?

A primeira delas é de que situações como essa nunca mais devem ser encobertas. Ouvimos durante anos sobre casos do tipo no meio da luta livre, nacional e internacionalmente que, infelizmente, caíram na gaveta das “lendas urbanas”, pois nunca houve apoio das promoções para investigarem os fatos e/ou políticas de gestão de atletas, para que o cuidado psicológico seja tão, ou até mais importante do que fazer um belo show. Ninguém deve se acanhar quando alguém quer forçar outro a ter relações sexuais, ou quando manipula emocionalmente o próximo ou, no pior dos casos, agride (verbalmente ou fisicamente) outras pessoas – deve ser denunciada aos superiores e, em caso de omissão e/ou indiferença, o caminho é a Polícia.

A segunda consequência é (ou deveria ser, pelo menos) a mudança de consciência de todo o entorno do espetáculo. Não adianta hashtags, campanhas ou gritos de alerta se o público-alvo possui uma grande parte de preconceituosos das mais variadas espécies, aliados a promotores e lutadores com espírito que acompanha essa base e ratifica as atitudes desse público. Milagres não acontecerão sem uma mobilização de coração sincero por parte das pessoas que estão à frente do negócio, para que haja uma transformação de atitude.

É inconcebível que, em pleno ano de 2020, ainda existam pessoas que “passem pano” para tais situações tão degradantes, em prol de lucro. Situações como essa, repito, devem ser devidamente investigadas e analisadas, ajuda deve ser oferecida para quem sofreu com tais atos, mas também para quem praticou o ato, e, em caso de comprovada violência, aquele que o faz deve ser penalizado pelo que fez. Devemos acabar com essa “cultura de cancelamento” estúpida que assola a internet e se voltar a uma “cultura de cuidado”, que tenha um olhar mais apurado para tais situações. Isso é sinal de respeito para a luta livre, mas, especialmente e acima de tudo nesses casos, de respeito para as pessoas que sofreram, sofrem e que (esperamos que não, mas é possível que) venham a sofrer com esses assédios.

Por Joao Aranha

Gosto de lutinha a um tempo. Escrevo sobre lutinha a um tempo. Comentei lutinha na TV por um tempo. Ídolo do Rato e do Izac Luna nas horas vagas.

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