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Na Teia do Aranha #90 – Onde que isso vai parar?

Salve, povo!

Chegamos à edição de número 90 deste espaço de reflexão, com um pensamento sobre a situação da luta livre no mundo, no meio de tantas polêmicas e descasos. Meu desejo é que leia, reflita, comente e sugira temas para próximos textos.

Forte abraço e valeu!

Onde que isso vai parar?

Esse é mais um daqueles textos que você vai passar o olho e pensará: “Putz, tá aqui reclamando novamente! Coisa chata do caramba!” Mas, será que diante de tantas situações que andam acontecendo dentro da luta livre nesses últimos meses de distanciamento físico, não justifica certa tristeza diante do esporte-arte-entretenimento que tanto amamos? Ou será que olharemos todo o panorama e continuaremos a manter as mesmas opiniões de sempre, sem estabelecer o mínimo de autocrítica e reflexão sobre os fatos apresentados?

Primeiramente, dentro da pandemia em si, promoções que olham meramente para o negócio, ignorando totalmente colocar o material humano em primeiro lugar, continuam suas programações televisivas, com a justificativa minimamente duvidosa de que queriam “colocar sorrisos nos rostos dos fãs em momento tão complicado”. Sorriso maior eu teria se ouvíssemos das promoções que queriam colocar as pessoas como prioridade e interromperiam as atividades até ter o mínimo de segurança de saúde e o menor dos protocolos (realmente levados a sério) para que os programas pudessem voltar a ser gravados e/ou exibidos. E apresentar a justificativa de que “não sabemos como é o negócio” e que “o capital precisa girar” não é suficiente, visto que para situações mais complexas, como fazer lobby político para que um estado estadunidense declare que a luta livre profissional seja considerada “atividade essencial” fez a máquina se mover como nunca.

Soma-se a isso a explosão do movimento #speakingout, de denúncias contra abusos de cunho sexual, psicológico e/ou físico dentro do universo da luta livre, que se iniciou nos Estados Unidos, e se espalhou pelo mundo – inclusive no Brasil. É um movimento extremamente necessário e que precisa ser espalhado e movido cada vez mais, para arrumar as entranhas das estruturas do pro wrestling. O que mais espanta não é a imensidão de nomes que aparecem sendo acusados de inúmeros casos, mas a resposta de algumas pessoas, que ainda insistem em achar isso tudo uma grande bobagem, que essa situação não vale ser levantada, por inúmeros motivos, minimamente, de fundamento difícil de entender, sendo que vem de cognição humana.

Deparando-me com tudo isso, repito duas perguntas que faço constantemente: onde que isso vai parar e quem vai sobrar diante de tudo isso? Afinal, se por um lado, é preciso denunciar esse modo de vida que se colocou como normal nas últimas décadas, em que o fator capital é mais importante que o cuidado humano, e que o cuidado humano só vale para uns e não vale para outros – com esses outros sendo sumariamente “cancelados” pelas redes sociais, como se jogar a pessoa em um cantinho da existência resolvesse todos os problemas.

Não adianta só a denúncia. Não adianta só o grito. Adianta que a sua denúncia e o seu grito devem mover os sistemas de tal forma que mudem as atitudes das pessoas que vivem neste e nos anos vindouros. Adianta quando, diante de tantos problemas causados pela ganância, ambição e desejo de supremacia sobre o outro, arregaçamos as mangas, saímos do teclado virtual e procuremos os meios para estabelecer políticas públicas e normativas privadas para combater esses males dentro do esporte e da vida. Adianta quando, diante dessa cultura nefasta de “cancelamento”, possamos cuidar daqueles que são feridos, mas, também, daqueles que ferem, dando a oportunidade de melhoria como ser humano, para que o problema não seja jogado para baixo do tapete, como tem sido feito durante décadas. Isso não é utopia, mas é uma construção de caminho para que nós possamos olhar o que tudo isso nos traz de lição, e não lamentemos que apenas tenha ficado no campo das ideias.

Por Joao Aranha

Gosto de lutinha a um tempo. Escrevo sobre lutinha a um tempo. Comentei lutinha na TV por um tempo. Ídolo do Rato e do Izac Luna nas horas vagas.

Um comentário

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  1. Tanto a AEW quanto a WWE deram a opção dos lutadores ficarem em casa a maioria preferiu continuar trabalhando é a decisão deles, assim como é decisão do fã deixar de assistir ou deixar de acompanhar/cobrir se acha isso algo tão terrivel assim. É o minimo que eu faria se eu achasse que essas empresas não se importam com os profissionais.

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