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Na Teia do Aranha #91 – Sem Sentido

Salve, povo!

Mais uma semana que chegamos até vocês com um pensamento sobre a nossa amada luta livre, neste período pandêmico. Desta vez, levanto algo que tem me deixado, no mínimo, confuso, ao assistir os shows semanais estadunidenses.

Leia, reflita, comente e deixe sugestões para próximos pensamentos.

Abraços e valeu!

Sem Sentido

No dia anterior o qual escrevi este texto, assisti ao vivo, depois de alguns anos, o Slammiversary, da IMPACT Wrestling – evento que, nos últimos tempos, assistia após o mesmo ter acontecido. Por cerca de três horas de evento, com toda a sinceridade, me entretive como a tempos não fazia com a luta livre estadunidense. Um evento enxuto, com rivalidades construídas ao longo do tempo. Algumas com mais ou menos qualidade, porém, todas com algum sentido de estarem acontecendo naquele momento – o maior evento da empresa do ano, onde todos os olhares dos fãs da promoção estavam voltados. Somado a esse aspecto, as lutas foram boas (prejudicadas pela falta de público, claro, mas não tirou o mérito de qualidade das mesmas) e o programa fluiu bem, como um todo.

E por que toquei nesse assunto? Pois, toda vez que se toca no assunto da continuidade das programações voltadas à luta livre durante a pandemia do novo coronavírus, é fato que alguém vai surgir falando que as pessoas estão ali porque elas quiseram e que assiste quem quer e que ninguém é obrigado a tal, sendo que isso não precisa ser dito: já é algo implícito na relação cruel de trabalho que se vive dentro do esporte, colocando o capital como prioridade sobre o cuidado com o ser humano, a parte mais importante das empresas (se quiser ler mais sobre esse ponto, procure textos anteriores, que tratamos disso).

Contudo, já que as pessoas estão lá de livre e espontânea vontade, querendo estar lá de corpo e alma no ringue, em meio a uma crise mundial de saúde, confiando em todos os protocolos impostos pelas promoções, que, pelo menos, façam isso com o mínimo de dignidade. Afinal, o que se anda presenciando são programas que, para grande parte do público, deveriam ter retrospectivas antes de cada show, pra saber o que aconteceu antes – arriscando não fazer sentido nenhum um programa para o outro.  Uma das coisas mais imprescindíveis dentro da construção de um show televisionado que seja contínuo é a criação de elementos que seduzam o espectador para que ele tenha desejo de assistir ao próximo programa e que crie expectativas para isso.

O que dá pra se sentir é o contrário: tem-se a impressão de um desleixo maior das empresas, talvez causada pela limitação criativa gerada pela pandemia ou por algum motivo que foge ao nosso olhar. Mas, continuar a tocar shows em que não se consegue perceber o fio condutor que leva aquela rivalidade ao ponto que se encontra, pode causar desânimo a quem, mesmo tendo a liberdade de escolha de assistir o que quiser, está diante de um monitor para assistir aquele show, pois confia e sabe que, dali por sair coisas muito boas, e não o que estão sendo presenciadas.

O caminho é simples, e passa por ter cuidado com o que se cria, diante das dificuldades, ouvindo a parcela mais importante desta relação, que é o seu público. Criar na base dos achismos arcaicos de algumas mentes pensantes dessas empresas não deve ser mais o rumo. Afinal, continuando nessa rota de colisão com o próprio sentido do que se exibe, a tendência é continuar com as baixas médias de audiência. E a luta livre, diante de tantos problemas, não merece essa confusão.          

Por Joao Aranha

Gosto de lutinha a um tempo. Escrevo sobre lutinha a um tempo. Comentei lutinha na TV por um tempo. Ídolo do Rato e do Izac Luna nas horas vagas.

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