Na Teia do Aranha #75 – O Fim do Esporte Interativo

Salve, povo!

Aqui é o João Aranha (quanto tempo, né?), e venho aqui no Na Teia pra escrever sobre algo que entristece o coração dos fãs de luta livre – em especial, toda uma geração mais recente de fãs do esporte e a mim, pessoalmente: o anúncio do encerramento das atividades do Esporte Interativo.

Aproveitem!

Juro pra vocês que escrevi e apaguei várias vezes essa primeira linha, pra começar a escrever esse texto, porém, vai o que está no coração, deixando um pouco da razão para o final, pois, o que escreverei, é algo que marcou meu ser e vou levar comigo até o caixão, pra eternidade.

Era o final de 2016, e recebi um contato da direção do programa IMPACT Wrestling, no Esporte Interativo (à época com nosso parceiro Marcos Gil), me chamando para comentar o programa de seus estúdios no Rio de Janeiro, alegando que como já escrevia sobre luta livre aqui no Wrestlemaníacos, tinha alguma experiência no conhecimento do esporte, além de já fazer a maioria dos finados ManiaCasts (#sddsManiaCast), seria bom pra substituir o titular da cadeira, Marcelo Ferrantini (cara gente fina, broder). Mandei um áudio-teste e, no que fui aceito, topei o convite num misto de alegria (pelo convite) e desconfiança (pois nunca tinha feito nada parecido, ainda mais pra uma rede televisiva nacional).

Chegando aos estúdios, na Visconde de Ouro Preto, o que vi foi algo muito fora do normal para um ambiente tão pesado quanto uma televisão podia ser: pessoal bem sintonizado, sincronizado e inserido no que era o programa. Conheci feras como Octávio Neto (que tá voando) e Leandro Mamute (que ainda buscava seu espaço, mas, a gente já sabia que era outro que ia longe, como está indo agora), e pude conhecer os bastidores do programa que, mesmo em um pequeno estúdio, era feito com a maior vontade.

Nisso, passou um ano e um mês que participei de várias transmissões, e que pude conhecer outras pessoas maravilhosas, como Breno Massena, Tarso Dória e Marcelo Barros e pude viver algo que foi incrivelmente indescritível. Por ser um substituto que aparecia ocasionalmente, conheci gente nova, fui a lugares especiais e (vejam só) comentei um evento de luta livre ao vivo, com direito a lutas com astros internacionais e nacionais. Absurdo. Incrível. Bom demais.

Em 2018, o EI não renovou o contrato com quem tinha os direitos do IMPACT Wrestling, o que deixou tristeza, mas, ao mesmo tempo, a partir da fama do canal ser uma via alternativa para esportes pouco explorados no país (ou seja, todos que não são futebol ou MMA), ficou a esperança de que algo poderia surgir aos fãs de Pro Wrestling, como foi os ‘Road Shows’ da WWE no passado e o próprio IMPACT Wrestling. Mas só ficou na esperança.

Hoje, 09 de agosto de 2018, foi anunciado o encerramento das atividades do canal em 40 dias, a partir desta data, para que possam dar foco nas atividades digitais. Essa foi a cereja do bolo de uma série de processos de fusão e aquisição confusos, os quais, no final, fizeram a, agora, Turner/AT&T (que foi feita no ano passado, mas se completou no último dia 15 de junho, em pouco mais de US$ 180 bi) transformar o Esporte Interativo, único canal nacional na negociata, ser limado, pois não poderiam manter transmissora e programadora, com risco de formação de uma espécie de monopólio, sendo a Ancine (Agência Nacional do Cinema).

Fica, agora, a lembrança de um canal que ousou em tempos que o esporte na televisão andava em uma fase de marasmo. Fica o agradecimento de nós, fãs de luta livre, que viram uma geração ser formada graças às suas transmissões. Fica o agradecimento do Wrestlemaníacos, que foi, por um bom tempo, parceiro do canal em seu portal na internet. Fica meu agradecimento por vocês terem ajudado a escrever uma ótima página da minha vida.

Obrigado, Esporte Interativo. Por aqui, continuaremos a ser movidos por sonhos.