Neste dia 21 de agosto nós fãs de luta livre assistimos o “SummerSlam”. Um evento que sempre foi muito esperado por todos por ser considerado o segundo maior do ano (atrás somente da “Wrestlemania”). Mas desta vez as coisas não ocorreram como nós fãs estamos acostumados e muito menos como desejávamos que fosse. Tivemos um pay-per-view extremamente desorganizado, combates mal construídos e para resumir podemos simplesmente dizer que foi um show sem sal e sem graça alguma.
Mas qual seria o motivo para que a WWE tenha errado desta maneira? Seria o “efeito CM Punk”? Talvez a empresa de Stanford possa ter tentado uma resposta direta ao “AEW Rampage” usando um de seus maiores pay-per-views e acabou transformando ele em um show para ser esquecido por conta dos acontecimentos mal organizados? Nunca saberemos o motivo real para que o evento tenha sido um fracasso tão grande, mas podemos apontar talvez alguns pontos que influenciam na queda de qualidade dos pay-per-views da WWE ano após ano.
Vamos começar já com o ponto mais importante. A WWE deixou de ser uma empresa focada no wrestling e na ação dentro do ringue para focar no entretenimento mais voltado para as crianças, eles deixam isso muito claro uma vez que em seus shows televisivos a grande parte do tempo são gastos em segmentos que não acrescentaram em rivalidades e muitos deles feitos de forma cômica (ou pelo menos com a tentativa de fazer comédia). A WWE hoje dá mais foco as “novelas” que podem produzir dentro do ringue e também no marketing seja ele feito pela empresa divulgando produtos da própria empresa, ou feito pela empresa divulgando produto de terceiros.
O ótimo produto da concorrência faz com que os erros da WWE fiquem mais visíveis
A maior oposição a WWE atualmente é a AEW que é uma empresa voltada sim ao entretenimento, mas ao mesmo tempo tem um grande foco no esporte, trazendo assim muito conteúdo aos seus shows televisivos e pay-per-views. A AEW consegue hoje promover as melhores lutas do cenário do wrestling, consegue realizar feitos inimagináveis – como o retorno de CM Punk – e diferente da WWE que prende suas estrelas (mesmo as em desenvolvimento) em contratos possesivos e controladores a AEW da liberdade criativa a seus lutadores, deixa com que suas maiores estrelas estejam atuando em diversas empresas e traz lutadores de alto calibre para seu roster graças aos laços que estreita com diversas federações, fazendo assim um show diversificado, com muita ação dentro e fora do ringue. Essa liberdade dada pela empresa de Tony Khan faz com que lutadores se transformem na melhor versão de si mesmos. Um grande exemplo de mudança é Jon Moxley que após sair da WWE onde era conhecido como Dean Ambrose e estrear na AEW em 2019 durante o pay-per-view “Double or Nothing” atacando Chris Jericho após ele se tornar campeão mundial da AEW, fez ótimas atuações se tornando assim o melhor lutador do ano de 2019 praticamente inalcançável para ele enquanto contratado da WWE.
Mas por mais que tentemos buscar outros exemplos ainda assim o maior de todos é CM Punk, graças as atitudes de favorecimento da WWE ele pouco a pouco viu que não estava recebendo aquilo que realmente merecia, fazendo assim que ele fosse perdendo a paixão pelo wrestling. Segundo Punk mesmo sua carreira acabou em 2005 quando saiu da RoH e que já era de seu conhecimento o que as pessoas como ele passavam para onde ele iria.
Para afirmarmos que a WWE se perdeu, podemos usar como argumento não só a AEW, mas também o NXT. Inicialmente o NXT era uma divisão para desenvolver novas estrelas, mas com o tempo se tornou a brand que focava na ação em ringue e no puro entretenimento esportivo, tanto que as guerras travadas foram entre NXT e AEW. Isso aconteceu não só por serem no mesmo horário, mas também por apresentarem um produto semelhante, e mesmo o NXT sendo o melhor produto da WWE, eles querem acabar com o formato atual dele e trazer de volta o antigo estilo da brand, isso mostra que eles realmente querem ser uma empresa de entretenimento, mostra que o seu público alvo não são aqueles que querem saber de ações dentro de ringue, podemos ver isto nos shows semanais – principalmente no RAW – onde temos segmentos que não acrescentam nada ao show e com finais sempre parecidos (isso quando não são os mesmos segmentos com os mesmos finais) e quando temos combates, são combates sem muito desenvolvimento, com finais sem criatividade e estes combates em sua maioria não trazem nada de interessante nem em longo e nem em curto prazo.
Mas talvez o diferencial principal entre WWE e AEW seja algo fora dos ringues, talvez está diferença enteja nos backstages, eu estou falando sobre humanidade. A WWE por diversas vezes fez dispensas em massa durante a pandemia alegando que precisava cortar custos, mesmo tendo apresentado um crescimento no lucro da empresa em comparação a meses anteriores. Já a AEW está transformando aqueles que a WWE dispensou em grandes lutadores e valorizando cada um deles, dois ótimos exemplos são Tay Conti e Brodie Lee que nas mãos de Vince McMahon não tiveram muito destaque e se tornaram grandes nomes da AEW. Brodie Lee infelizmente veio a falecer graças a problemas respiratórios não relacionados a Covid-19 e recebeu um show inteiramente em sua homenagem, com sua família inteira presente e sendo acolhida por toda a equipe da AEW, inclusive pelos executivos chefes da empresa, enquanto a WWE pouco fez além de um anuncio e 10 badaladas no sino, assim como faz até mesmo com grandes lendas.
A WWE vem se mostrando ineficiente em vários pontos cruciais para os fãs de luta livre, e parece até que eles a cada dia eles se perdem um pouco mais, talvez a empresa de Vince precise de uma renovação urgente para se adequar ao estilo atual não só do wrestling, mas também do mundo como um todo, para que assim (talvez) volte a ser o que já foi um dia.
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