Admito que, nos últimos tempos, tenho estado um pouco distante da WWE. Emprego e obrigações da vida adulta acabam tirando o tempo, tornando complicado assistir tanto conteúdo de luta-livre que a empresa dos McMahon disponibiliza, até porque algumas storylines (Rusev/Lashley) acabam desanimando o espectador antigo. Mas, Royal Rumble é o meu evento favorito depois da Wrestlemania, então não dava para perdê-lo.
E o que e vi me fez, mais uma vez, ter esperança de que a WWE melhore seu booking. Uma ótima Rumble feminina, uma surpreendentemente boa Strap Match e um show protagonizado por Becky Lynch e Asuka compensaram o fato de termos de ver King Corbin e Lacey Evans lutarem no evento.
E o prato principal foi a Rumble masculina. Primeiramente, vamos a aquilo que todos estão falando: Edge voltou! Após ser forçado a se aposentar em abril de 2011 devido a lesões, e deixar vago o então World Heavyweight Championship, o Rated R Superstar ficou um total de 9 anos aposentado. Ver alguém sendo forçado a parar de fazer o que ama é extremamente triste, mas seu retorno, assim como o de Daniel Bryan, me faz pensar que suas aposentadorias ocorreram, principalmente, devido ao excesso de esforço e stress causado pelo calendário da WWE, que faz seus lutadores lutarem praticamente a semana inteira, contando shows e house-shows.
A empresa precisa urgentemente repensar essa filosofia, já que tanto Edge quanto Bryan conseguiram voltar após terem tempo para descansar, recondicionarem-se e, obviamente, fazerem exames e tratamentos médicos adequados. A saúde física e mental dos lutadores precisa começar a ser mais pensada dentro do segmento, ou teremos casos semelhantes ao de CM Punk, que simplesmente não tem mais vontade alguma de voltar ao ramo depois do que passou na empresa.
Agora que retornou, vamos ver como será a carreira de Edge daqui para frente. Espero que ele tenha uma frequência menor de lutas, podendo não se exceder e fazer lutas importantes em shows com grande relevância, como é o caso da Wrestlemania. Será que teremos Edge e Orton envolvidos em um programa esse ano?
Antes de ir para o próximo ponto, um adendo: Parabéns à equipe de transmissão da WWE, por ter perdido o primeiro spear do Edge em 9 anos. Creio que realmente deve ter sido mais importante naquela hora mostrar um grupo de pessoas aleatórias na arquibancada que nem sequer estavam reagindo ao retorno do lutador. Inacreditável.
Bom, ponto seguinte: Brock Lesnar e sua sequência de eliminações. Muitas pessoas odiaram esse booking, mas ele fez total sentido ao final da luta. Brock é o campeão principal da empresa, então o mais lógico era, obviamente, fazê-lo eliminar diversas pessoas. Boa parte dos eliminados era querido do público, e alguns, pelo menos, tiveram chance de se manter no ringue por um tempo maior e terem tempo para brilhar, como o caso de Big E, Kofi Kingston e Keith Lee. Eu estava na expectativa quanto a quem seria o lutador que eliminaria Brock, já que não achava que seria possível a WWE cometer a insanidade de fazer Brock vencer o evento. Drew McIntyre acabou sendo o escolhido. Drew acabaria vencendo o Royal Rumble, o que deu uma credibilidade ainda maior à escolha.
Explico: A presença de Brock na luta serviu, essencialmente, para preparar a luta dele contra o eventual vencedor do Royal Rumble. Então, fazê-lo eliminar quase metade dos lutadores da luta fez com que seu eliminador, Drew McIntyre, ganhasse uma enorme credibilidade e popularidade com o público, que foi para o seu lado e, ao fim da luta, estava totalmente satisfeito com a vitória do mesmo. Kofi Kingston, Big E, Morrison e Keith Lee foram utilizados para fazer o público sentir ainda mais ódio de Lesnar, para que quando ele fosse eliminado, Drew pudesse ter toda arena ao seu lado.
De certa forma, a WWE conseguiu fazer com Drew o que vinha tentando, sem sucesso, fazer com Roman Reigns e Seth Rollins: Criar um face que pudesse ser um desafiante a Brock que o público amasse,e que se tornasse, quem sabe, o rosto da empresa por algum tempo após uma eventual vitória contra Brock na Wrestlemania.
O público está do lado de Drew porque sabe que o escocês teve uma trajetória longa até atingir o posto atual: Foi o “escolhido” em determinado ponto, perdeu o push, virou jobber em uma stable onde ele nem sequer era o líder, foi demitido, rodou nas indies e voltou. Ele não parece forçado, nem cansativo de se ver, e falo isso sendo alguém que o detestava dez anos atrás, na época de “Choosen One”.
É claro, a WWE pode cagar para o que o público quer, e simplesmente fazer Brock vencer Drew na Wrestlemania, nos negando um momento alegre no evento e perdendo uma grande chance de tornar Drew uma estrela de vez. Não seria o primeiro lutador que o público gosta a ser derrotado por Brock, mas pelo modo como o público reagiu bem a Drew, talvez a WWE finalmente puxe o gatilho e coloque alguém de fora da Shield com menos de 40 anos para vencer o todo poderoso Brock Lesnar. Essa foi, em minha opinião, uma das melhores Rumble Match dos últimos anos. Que a próxima Wrestlemania siga esse ritmo, e nos proporcione um excelente início de década.
Voto com o relator. Não achei essa sequência do Lesnar ruim, pelo contrário, me deixou mais curioso com o desfecho da luta. Queria saber se ele ia mesmo eliminar geral ou alguém ia eliminá-lo e nesse segundo ponto a única frustração seria se ele fosse eliminado por alguém como Roman, Seth ou Braun (nada contra nenhum deles, mas é que de novo teríamos Brock vs um deles, aí é complicado) mas QUE BOM que eles escolheram o McIntyre.