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Six Sides of Wrestling #7: O inferno astral da TNA, o prelúdio do fim e uma luz no fim do túnel

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Bom dia/tarde/noite/madrugada meus queridos, meu nome é MDQ e depois de um vlog comigo muito sequelado e um imenso espaço de tempo estou de volta para um, digamos, canto de morte, um prelúdio do fim.

E não há melhor embasamento para o início do artigo e todo o assunto que a justificativa da minha ausência:

Um imenso espaço de tempo.

Dois motivos levaram a esse imenso espaço de tempo até minha volta, primeiramente, a vida de universidade e trabalho que tiram quase todo o tempo livre da minha pessoa e, segunda e principalmente, a inexistência de fato relevante e de buzz credível para a realização de um artigo. Os últimos tempos parecem uma calmaria antes da tempestade, mas a porra da tempestade quando ameaça chegar apenas garoa e assim a calmaria absoluta retorna tão logo quanto sumiu.

Pensei em escrever sobre o trabalho mais que sensacional que a TNA fez com EC3 ao leva-lo do nada para o topo em prazo de menos de dois anos perfeitamente executados, pensei em escrever sobre a geração de talentos que a TNA construiu nesses últimos dois anos, embora que talvez tarde demais (e uma puta geração de talentos de fortíssima personalidade aí formada por Rockstar Spud, Bram, Eli Drake, Drew Galloway, The Wolves e EC3, diga-se de passagem), mas nenhum me parecia um assunto finalizado, como se fossem todos uma arma preparada, mas com o gatilho emperrado.

É engraçado notar inclusive que o mais relevante assunto da TNA, que me deu realmente um ânimo de outro mundo para escrever mais uma edição do quadro, foi nada menos que a constante GFW no mundo da TNA que paira sobre a cabeça de Dixie Carter, como ineficiente ceifa que chega.

Notei então o que me motivaria para escrever mais uma edição do quadro, a continuidade desse assunto, como uma segunda parte da sexta edição, uma visão da estrutura da TNA que a mostra tão moribunda, o maldito inferno astral que parece que veio para ficar desde 2014, um monte de fatos que podem ser atribuídos a um monte de razões, mas que inegavelmente mostram um esqueleto exposto e machucado do que já foi uma aposta certa a uma bipolarização do pro wrestling mundial há não tanto tempo assim.

Mas o que seria esse inferno astral? Bom, permitam-me uma pequena retrospectiva.

O INFERNO ASTRAL

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Tudo começa em 2013 quando a empresa toma duas decisões ousadas que tiveram uma péssima execução: a ideia de realizar apenas 4 PPVs por ano (e que agora viraram 2) e ir para a estrada.

Na primeira decisão a TNA via uma tendência corretíssima que era o apodrecimento do mercado dos PPVs em oposição ao crescimento das streams piratas, como uma série de locadoras que viam o Netflix comendo seu mercado, porém não soube manejar bem a mudança, cortaram seus PPVs, mas não mudaram devidamente o passo do show, fazendo uma espera excessiva sem o devido pay-out, simplesmente maçante em alguns momentos. Na segunda, devo dizer que o começo foi brilhante, o Lockdown 2013, o Impact em Chicago e mais alguns depois tiveram excelentes públicos e uma sensação de big league que nos levava para uma WCW do século 21, mas logo o entusiasmo passou e a TNA, sem um plano de marketing atingindo boas cidades e uma divulgação decente e com a WWE bloqueando os mercados possíveis covardemente, viu-se logo perdendo meio milhão de dólares por gravação.

Porém isso poderia ser contornado, se não fosse a turbulência que essas mudanças causaram na questão financeira. Logo a TNA viu Hulk Hogan, Sting, AJ Styles e mais tarde Bully Ray sumirem do seu roster, assim como Kurt Angle e Jeff Hardy cada vez menos ativos por suas sucessivas lesões.

Como resultado o produto que já estava em declínio por seu booking inconstante e repetitivo em determinados momentos, viu-se perdendo a visibilidade diante dos casuais com o sumiço dos veteranos que foram pilares de muitos eventos da federação, o que levou ao fim uma parceria de nove anos da TNA com a Spike que havia consagrado o Impact como o terceiro show de wrestling semanal mais longo da história.

Fora da Spike a TNA viu como uma fundação sólida para se agarrar uma emissora menor, porém receptiva a empresa, a Destination America. Começava aí uma pequena lua de mel com o Impact sendo o programa mais visto da emissora e o responsável por alguns recordes de audiência, mesmo que com números bem inferiores aos tempos de Spike. Havia tudo para dar certo aí, a Destination America bancava a TNA internacionalmente, conseguindo até contratos internacionais como a até agora muito bem sucedida parceria da TNA com a DMAX na Alemanha.

Entretanto, os problemas não estavam resolvidos e de fato em alguns quesitos pioraram, o roster ficou cada vez menor com os sucessivos cortes e atrasos, a audiência foi caindo conforme o momentum não conseguia ser mantido e tudo pareceu desabar de novo. Foi tentado uma mudança de horário nada efetiva e com a mudança o fim da lua de mel com a Destination America, que recebeu os resultados negativos da empresa com um contrato com sua eterna arqui rival a ROH e agora cá estamos com cada dia mais negro, cada semana com um futuro mais incerto e cada vez menos esperança na federação que sobreviveu a tantos baques por tantos anos.

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A expectativa é a saída da TNA da Destination America no fim de Setembro sendo todas as gravações restantes realizadas nessa semana, sem espaço ou dinheiro para surpresas relevantes.

O CANTO DE MORTE

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Depois de toda essa perspectiva histórica com os mais diversos problemas (alguns culpáveis à administração da TNA outros simples força do destino), ficam as consequências. Não se pode dizer que os Impacts são ruins, de fato qualquer um que veja o show de mente aberta vai gostar, o wrestling bom, os wrestlers são bons e ate as storylines são boas, mas é uma falácia imensa achar que pro wrestling se baseia numa visão por cima da situação, num longo prazo, não, o pro wrestling se baseia em momentos. A trajetória mais longa na avaliação de qualidade de algo no wrestling é uma iron man de uma hora e feuds não são uma história de começo e fim, mas uma junção de momentos animadores.

A TNA carece de momentos.

Mas como isso? Como a TNA poderia ter shows bons e ao mesmo tempo ruins? Como poderia ter todos os elementos para um show bom e ainda sim viver num limbo infinito?

A explicação é fácil, não há coisa pior que um show de wrestling o qual você pode pular capítulos e ainda estar por dentro de tudo que acontece, de ver que você não perdeu nada em não passar duas horas na frente da TV. O problema não é so da TNA hoje, porém é com ela que vejo isso com mais força porque o show é exposto, não recorre (e nem poderia recorrer) aos artifícios para manter um público casual, a famosa diversão “trainwreck” como a WWE faz.

Por mais que a TNA coloque seus momentos ela não consegue dar sucessão a outros, o payoff nunca é satisfatório e o boicote silencioso que os reporters de PW e o nada silencioso que a IWC coloca a empresa depois de tantos anos de oportunidades desperdiçadas impede ela de criar buzz, de fazer as pessoas comentar os shows como se fossem grandes eventos.

É uma pena que no meio de tantas descobertas e realizações boas da federação elas soem tão pouco e mal graças ao dano da brand tão danificada que se tornou a TNA.

Os house shows são inexistentes, os PPVs são gravados, os spoilers são aos quilos, o dinheiro está minguando…  A TNA está em um fosso escuro e o pior é que quase ninguém pode vê-la.

É quase como se faltasse apenas deitar e deixar a morte vir, talvez em Outubro quando a TNA saíra da Destination America, embora haja rumores de que ela vá para a WGN ano que vem (a antiga emissora do WWE Superstars antes do programa ser chutado pela baixa audiência e alto custo).

Depois de 13 anos de milhares de previsões de falência parece que, ainda comparando a federação a um corpo moribundo, depois de tantos anos de luta os sinais vitais são fracos demais para serem reconhecidos se está viva ou morta, até porque, longe do ambiente artificial da Impact Zone com seus fãs de veraneio, quem pode dizer o quanto de gente ainda se importa com a federação Estados Unidos afora?

E depois de toda essa negatividade, pergunto-me e pergunto a você leitor, depois de tanto pessimismo, onde está a porra da luz no fim do túnel que o título dizia?

Bem, está aqui:

UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL

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                Ano após ano após ano após ano a TNA sempre quando parecia estar mal achava algo para se manter algo extremamente interessante por um mês ou outro, o que nesse caso a última vez que rolou foram os tapings da TNA no UK que foram unânimes em questão de crítica com a incrível feud entre EC3 vs. Spud e a extremamente elogiada Lashley vs. Angle, porém o dinheiro acabou e criar buzz do nada é como fazer uma fogueira debaixo da água, principalmente quando você é a TNA, mas talvez, por um acaso do destino que finalmente favoreça a TNA algo muito impressionante está acontecendo e se chama Global Force Wrestling.

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Embalada desde as semanas um pouco antes do Slammiversary quando houve o retorno do fundador da TNA, Jeff Jarrett e com ele vencendo o King of the Mountain championship no PPV houve um grande buzz sobre o que isso poderia significar, porém, então houve o silêncio, nada mais da invasion que Meltzer e outros especulavam e nada mais também da própria GFW além dos house shows com fracasso de público. Até o fim da semana passada quando um novo desenrolar de fatos aconteceu e houve a gravação do primeiro GFW Amped, que, como podem ver, foi um sucesso tremendo:

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Como num passe de mágica, cinco mil pessoas aproximadamente apareceram para ver o início de uma nova TNA com um roster que misturou perfeitamente caras conhecidas (mas não muito) e desconhecidas. Lá uma primeira feud se formou Bobby Roode, representando a TNA vs. Magnus, que anunciou oficialmente sua ida a GFW.

Uma feud quase que efêmera, um detalhe pequeno e ainda muito pouco desenvolvido que contemplou uma briga entre os egos de Dixie, representado por Roode e de Jarrett, representado por Magnus a qual irá logo ao ar no primeiro show do Amped (o qual infelizmente não sabemos quando será).

E não parou por aí, porém nesse caso terei que dar spoilers, então, por novamente me alongar demais no assunto, apenas recomendo aos senhores olhar com atenção, pois o corpo moribundo da TNA logo poderá virar, digamos, uma força global e que, se há alguma esperança para o futuro da empresa ela será respondida nos Impacts das próximas semanas e no Bound For Glory.

A TNA é um defunto que lutou e luta com unhas e dentes para não ser enterrado, mas eu poderia dizer com os próximos acontecimentos que acredito em reencarnação… e talvez vocês também.

Até a próxima edição do Six SIdes of Wrestling.

Confira a edição anterior da  coluna aqui:

http://wrestlemaniacos.com.br/2015/06/29/six-sides-of-wrestling-6-explicando-a-conspiracao-gfwtna-e-o-fim-do-slammiversary-2015/

2 Comentários

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  1. Eu realmente quero que a TNA cresça, mas infelizmente isso não está sendo possível por “n” motivos (Como falta de boa gestão financeira talvez?) É uma pena que uma empresa com tantos talentos e tanto potencial possa acabar com um fim tão triste :/ Ou reviver, que seria muito melhor.

    • Exatamente mano… a maior esperança da TNA é renascer… seria o ideal não só para a TNA, mas para todo o PW que não pode ter como segunda maior federação uma ROH que tem o alcance tão limitado.

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