No dia 5 de julho de 2015, a seleção nacional de futebol dos Estados Unidos dominou a seleção japonesa na final da copa do mundo de futebol feminino para vencer seu terceiro título. Essa conquista se tornou significativa a ponto iniciar uma onda de orgulho das mulheres nos esportes por toda América do Norte. Essa onda não pode deixar de alcançar a maior das empresas de pro-wrestling do mundo e, no episódio de 13 de julho de 2015 do Monday Night RAW, o efeito dela culminou no início da famosa Women’s Revolution, que foi o estopim para a atual era que vemos na luta-livre feminina. Entretanto, essa não foi a primeira revolução que aconteceu no cenário feminino do pro-wrestling. A GLOW já havia tomado partido nessa mudança.
Depois de toda a era de trabalho árduo de Mildred Burke, a era Moolah quase fez com que todo o trabalho construído pelas suas antecessoras regredisse à época em que o wrestling feminino mais se assemelhava a prostíbulos. A solução se deu por meio de uma espécie de empoderamento das lutadoras por meio de suas personagens e comportamento durante as lutas.
Um movimento que ganhou força no Japão e na América Latina e mais tarde na América do Norte centrado em demonstrar as mulheres envolvidas no esporte não só como símbolos sexuais, mas também como valentes lutadoras e que culminou em personagens como Bull Nakano, Aja Kong, Madusa, Chyna, todas representando mulheres poderosas e temíveis.
Um território teve papel importante nesse movimento e ele se chamava Gorgeous Ladies Of Wrestling. A GLOW – ou G.L.O.W. – foi uma companhia de luta-livre feminina formada em sua maioria por atrizes, modelos e algumas dublês que demonstrava mulheres com personagens geralmente em posições empoderadas com muita cor e uma pitada de comédia escrachada para dar ainda mais o tom de espetáculo que o mainstream da época pedia. Ela começou seus trabalhos em plena era Moolah e oferecia um conteúdo bem diferente do que o resto dos Estados Unidos estava acostumado a ver em termos de luta-livre de mulheres. Nesse território, as mulheres eram independentes e lutavam, literalmente, pelos seus ideais e por sua honra e, em alguns casos, até subjugavam os homens.
Certo que as sketches cômicas, as personagens e até a performance no ringue eram bastante over the top, o que não é muito bem visto pela audiência moderna, entretanto é importante entender que no fim da década de 80 e início da década de 90 a existência de um show televisionado de pro-wrestling apenas com mulheres fazendo algo que aparentemente apenas os homens tinham maestria e conseguindo ser um sucesso com o público foi o que, lá atrás, deu um singelo pontapé inicial no que hoje chamamos de Women’s (R)Evolution.
Se no dia 13 de julho de 2015, durante o RAW, após as promos das Bella Twins, Alicia Fox, Naomi e Tamina, você enlouqueceu com o debut de Sasha, Charlotte e Becky no main roster da WWE ou se você enlouqueceu com a No Más Match entre Sexy Star e Mariposa no Lucha Underground, ou, no mesmo LU, você se emocionou quando Sexy venceu o Lucha Underground Championship. Se você aprecia os shows da Shimmer ou Shine ou Woman of Honor ou até mesmo pira com a eletricidade do joshi puroresu, não esqueça de que isso existe da maneira que é concebido atualmente por que lá atrás as gorgeous ladies of wrestling serviram como exemplo e pavimentaram o caminho.
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