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Wrestling e a Caminhada das Emoções

O que o wrestling causa em você? Assim como todas as outras formas de entretenimento, um único momento pode despertar paixão, ódio, risadas, tristeza, indignação e vários outros sentimentos, muitas das vezes misturados. O que faz você continuar acompanhando um produto, mesmo você exausto dos momentos entediantes constantes? Esses mesmos sentimentos que esse produto desperta? A esperança de algo que você gosta tanto possa voltar a te agradar? O que faz você voltar a acompanhar um produto depois de dias, meses ou anos afastado? Uma paixão que nunca acabou de verdade?

Foto: WWE

Muitos gostam da história, outros preferem as lutas, alguns simplesmente querem ligar a televisão e ver seu ídolo, independente do que ela esteja fazendo. Wrestling é um dos produtos na qual a ficção mais se mistura com a realidade, criando um clima único, onde se pode acreditar que tudo é possível, onde a suspensão da descrença é tão natural que não importa se você está vendo dois personagens bem construídos lutando ou um homem com rosto pintando comendo minhocas ou um homem que se transforma em um demônio para derrotar adversários mais difíceis.

Essa mistura entre realidade e ficção aflora as emoções e qual melhor momento para criar todas as expectativas em cima dessas emoções do que o início da Road to Wrestlemania? 26 de janeiro de 2020, Royal Rumble. Mais um início de caminhada para o maior evento de entretenimento do mundo. Expectativas criadas, o hype train a todo vapor, fãs ocasionais voltando a acompanhar e todos desejando que seus lutadores favoritos ganhem, retornem ou simplesmente querendo que tudo culmine em algo e quando as expectativas não são atingidas a raiva, a frustação, o desanimo surgem.

Mas no fim das contas, as emoções sempre estão presentes e, em sua maioria, as reações são sinceras e espontâneas. Vamos voltar ao PPV, vamos olhar a Rumble feminina. Uma das surpresas da noite? Naomi. Retornando após um longo período afastada após problemas pessoais. A reação do público? Felicidade, pessoas dançando e pulando, Naomi entra e a sensação que se tem é que ela finalmente está de volta ao local que merece e sendo feliz.

Não só a única surpresa da noite, afinal, Beth Phoenix lá estava, mesmo sagrando, lutando. E como num passe de mágica, o velho, Beth, se mistura com o novo, Shayna Baszler, e ninguém pensa que a Beth pertence a um período de mais de uma década atrás. O velho se torna novo novamente.

Finalmente temos a Rumble masculina. De início temos o antigo, representado na figura de Lesnar. Outra figura de mais de uma década, mas que representa uma força praticamente imbatível no ano de 2020. E na primeira parte da luta é isso que fica claro. Um por um, seja você um veterano, como Shelton, MVP, Morrison, ou uma figura nova, como Elias ou Keith Lee, Lesnar sempre estava por cima, ou dominando completamente ou se aproveitando das oportunidades.

Então temos o número 15, Ricochet, o atual, que sobrevive a investida de Lesnar e o número 16, Drew McIntyre, onde vemos o novo e o antigo se misturando na figura de uma pessoa só. Lesnar fora, Ricochet e Drew, juntos eliminam o campeão que parecia imbatível, provando que na WWE, e no wrestling, a barreira entre velho e novo muitas vezes não existe, existe apenas o agora.

Essa lógica ficaria mais clara alguns poucos minutos depois. 20 nomes já entraram, a contagem se inicia e o estádio vem ao chão. Falei algumas linhas acima sobre a mistura de ficção e realidade e vemos isso claramente no momento que se seguiu. A realidade, Adam Copeland, obrigado a se aposentar dos ringues em 2011, e a ficção, Edge voltando, se misturam. Assim como sua esposa, Edge deixa de representar algo de uma década passada, para representar o agora, ao mesmo tempo que resgata sentimentos de todos, incluindo do próprio Adam e a suspensão da descrença está a todo vapor.

Fonte: WWE

O Royal Rumble de domingo representou tudo que é mágico no wrestling. Representou a mistura da realidade com a ficção, representou as barreiras inexistências entre o velho e o novo e acima de tudo, representou a suspenção da descrença em força máxima. O chute inicial foi dado de maneira espetacular na noite de domingo, as expectativas já foram criadas, as lagrimas de alegria e felicidade já começaram a cair. O desfecho não sabemos, não temos certeza se nossas expectativas e desejos serão realizados, temos apenas a esperança para agarrar, mas se não fosse assim seria mágico da forma que é?

3 Comentários

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  1. Gostei do artigo, parabéns Igor pelas belas palavras, realmente o pro-wrestling, não importa em que empresa seja praticado, nos faz ter emoções únicas e admirar os ídolos, seja do passado, do presente ou do futuro!!

  2. Eu posso estar passando por um dia merda, mas quando lembro que a noite, tem esses caras ali no ringue e sabendo que pode acontecer as melhores coisas, meu humor muda. Obrigado PW!

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